domingo, 29 de novembro de 2009

A Princesa Invejosa


Era uma vez, duas princesas que moravam nas torres mais altas do castelo. Uma era invejosa e a outra era muito bondosa. Cada uma tinha um papagaio, um presente do seu pai, o rei.

A princesa invejosa sempre invejava a irmã bondosa e dizia: - Você é querida, todos te adoram, mas não consegue nem manter o papagaio dentro da gaiola, se ele gostasse de você não ficaria fugindo.

Mas o que ela não sabia era que a princesa bondosa soltava o papagaio todos os dias pela manhã, pois não achava justo ele ficar engaiolado o tempo todo. Ele saia e sempre voltava com uma pedra preciosa ou uma linda flor para a princesa. Ele descrevia lindas paisagens, com cachoeiras, descrevia o cheiro de terra molhada, descrevia as cores das flores que encontrava, e de como o arco-íris brilhava atrás das colinas. A princesa sempre ficava feliz sabendo que havia coisas tão belas lá fora.
Enquanto isso, o papagaio da princesa invejosa sempre ficava preso. Ela nunca deixava ele sair e como ele não via coisas novas, os assuntos eram sempre os mesmos.

Ela perguntava: - Não é óbvio que sou mais inteligente que minha irmã?

E o papagaio respondia: - Claro!

E ela ainda perguntava: - Não é verdade que sou melhor que minha irmã?

E o papagaio respondia: Claro!

E assim eram as conversas que tinham. Sempre a princesa querendo ouvir elogios do pobre papagaio engaiolado.

Enquanto isso, o quarto da princesa bondosa estava ficava cada vez mais enfeitado pelos presentes que o papagaio trazia. E um dos presentes preferidos dela, era um lindo diamante que brilhava em diversas cores.

Em uma noite de festa, a princesa bondosa usou o diamante.

Sua irmã, como sempre, invejou e perguntou: De onde você tirou esse diamante?
A princesa bondosa respondeu: - O meu papagaio me trouxe.

Imediatamente a princesa invejosa foi até o quarto da irmã e quando entrou se surpreendeu com as belezas que haviam no quarto! Abriu a gaiola e levou o papagaio para a sua torre. A princesa bondosa voltou para o quarto e viu que a gaiola estava aberta. Ficou triste, pois o papagaio havia ido embora sem nem ao menos se despedir. Então foi para a torre da sua irmã perguntar se ela não havia visto o papagaio.

A princesa invejosa se apressou em responder que o único papagaio que estava no quarto era o dela e que a irmã estaria confundindo porque eles eram iguaizinhos. Ela ainda disse: - Ele fugiu de você porque você é chata. Mas a princesa bondosa nem ouviu, pois estava chocada ao ver como era o quarto da sua irmã: Sem brilho, as paredes eram escuras, não havia perfume de flores. Então ela foi para o seu quarto chateada pelo sumiço do papagaio.

A princesa invejosa soltou o papagaio da sua irmã e ordenou que ele trouxesse presentes para ela também, porém o papagaio se recusava e cantava:

“Menina mimada,
não vai ganhar nada!
Solte o seu papagaio,
ele não é seu lacaio!”

A princesa invejosa respondeu: - Eu não solto ele porque ele vai fugir de mim e quem vai ficar me elogiando? Vá você!

E o papagaio cantou:

“Se você tratar ele bem,
ao fim do dia ele vem.”

Mas a princesa invejosa continuou: - Se você não for, nunca mais vai sair dessa gaiola!
O papagaio então fingiu que iria buscar presentes para ela e quando ela o soltou, ele foi voando para o quarto da princesa bondosa e contou tudo o que aconteceu: contou que o prendera, e que não cuidava bem do seu papagaio. A princesa bondosa então foi até o quarto da irmã e a encontrou chorando com a gaiola aberta.

- O que houve, irmãzinha? -  perguntou a princesa bondosa.

A princesa invejosa respondeu: - Soltei meu papagaio para me dar presentes como faz o seu, mas ele fugiu! Agora eu não tenho mais nada!

A princesa bondosa respondeu: - Mas eu não solto meu papagaio para me dar presentes. Eu solto porque o amo. E ele traz o que encontra porque me ama. Eu nunca pedi a ele que me trouxesse nada!

A princesa invejosa chorou pela perda do papagaio, chorou até pegar no sono. Quando acordou, viu seu papagaio com uma linda flor no bico... A mais bela que a princesa já tinha visto.

Ele disse: - Desculpe a demora, é que eu queria te dar um presente melhor que o da sua irmã. Agora ela vai te invejar também.

Então a princesa envergonhada percebeu que o melhor presente que o papagaio trouxe não havia sido a flor mais bela, mas sim a felicidade compartilhada.

Não eram as pedras ou as flores que deixavam o quarto da sua irmã bonito. Era o amor e a amizade que havia nele.

E a partir desse dia, os papagaios saíam juntos, enquanto as princesas trocavam e compartilhavam presentes. E como o seu coração estava cheio de amor, a inveja foi embora, pois não havia mais espaço para ela no coração da princesa.


P.S.: Quando eu era criança, meu pai às vezes pedia personagens que queríamos na história que ele criaria antes do meu irmão e eu dormirmos. Eu pedi que a história tivesse uma princesa e um papagaio, por conta de uma fita cassete da série do Aladdin que minha mãe havia comprado. Ele contou uma história que não lembro, mas tenho quase certeza que era de amor, onde um príncipe e uma princesa usavam um papagaio como meio de comunicação. Hoje eu estava nostálgica. Nasceu uma linda menina na minha família nesse mês de novembro e pensamentos da infância vieram a tona. Então decidi escrever essa história e misturei alguns elementos: personagens de uma história esquecida, mas que registra o sentimento de amor; e adaptações, para lembrar que o amor está em todas as gerações.

sábado, 28 de novembro de 2009

Ilusão

Quando?

Um dia.



Um dia...

Dois dias...

Outro dia...

Mais um dia...

Mais um outro dia...

Mais...

...Um dia.



Um dia.

Espero.



Um dia.

Ainda espero.



Um dia.

Espero...



Um dia.

Vai chegar...

um dia.



Um dia.

Demora.



Um dia.

Estranho.



Um dia

Espero.



Um dia

passou?



Um dia

Esperei.



Um dia.

Não chega?



Um dia.

Não basta...



Um dia...



Nunca chegou.



Mas um dia

chegará o dia

que mostrará

que os dias

não foram em vão...



Quando?

Um dia.

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Queen N8

A jovem rainha estava na sua torre cor de laranja, rabiscando em uma folha letras, números, desenhos e símbolos numa brincadeira de autoconhecimento, para se desbloquear, se autodeterminar em código para estar em todo o lugar a qualquer tempo, para ficar na lembrança, para ficar em alguém.

Enquanto rabiscava no papel, escrevia o quanto havia mudado...

Foi uma princesa de vestido rodado cor-de-rosa, depois uma boba-da-corte que fazia os amigos morrerem de rir, mais tarde virou uma serva do palácio, forte, que aturava desaforos porque sabia que a discussão não seria justa, então virou guerreira que acordava lutando contra o tempo... Não tinha saudade do vestido rodado. Era como se ela tivesse usado ele ontem.

E foi então que ela percebeu que não havia deixado de ser uma coisa para ser outra. Ela era todas. Tudo estava dentro dela. Ela era o universo em expansão.

A jovem rainha para com os rabiscos indecifráveis de outra língua, e vai sair da linda e alegre torre... Que a aprisiona. Aprisiona seus segredos, seus sentimentos e pensamentos...

Olhe, a chave está por dentro!

Take your keys, young Queen.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

PRESa no PRESente

Ela via uma criança. A menina a observava.
Ela, uma jovem adulta, ouvia os risos da menina, sua voz infantil, suas brincadeiras puras... E percebeu que a criança era feliz, como ela mesma havia sido feliz.
A criança imaginava, planejava e sonhava com seu futuro. Havia tempo de mais para isso.
Mas o tempo vai passando e as crianças vão crescendo...
O tempo pegou ela de surpresa. Ela já estava no seu futuro. E não havia feito nada daquilo que havia sonhado.
Sonhou com os outros, sonhou com um mundo melhor... Talvez devesse ter sonhado com ela mesma porque era a única responsável pelos seus sonhos. E agora não sabia mais se aquela menina havia sido ela ou se aquela menina ainda morava nela. Parecia tudo tão distante...
Onde, em que travessia, se perdeu a menina? Era como se ela tivesse se perdido na multidão, se separado de sua jovem adulta que ouvia o choro de desespero, mas não conseguia localizá-la.
A criança sempre quis ser bela, certa, corajosa, esperta... E pensava em revolucionar o mundo! E agora ela estava sujeita a qualquer um na multidão.
Depois de tanto caminhar e quase desistir pensando que talvez alguém com mais responsabilidade encontre a criança e supra suas necessidades, ela percebe uma senhora sentada no banco observando tudo. A velha diz "tive duas oportunidades de mudar e não fiz isso, deixei nas mãos dos outros e nunca mais encontrei aquela menina, e eu nem sei se ela ainda está viva..."
A jovem adulta toma consciência de que precisa ser responsável, que não pode apenas sentar e chorar esperando que alguém a encontre e a resgate. Ela que precisa ser a pessoa que encontra e que resgata!
A jovem adulta então sai correndo em meio a multidão. As pessoas pensam que ela está fugindo de algo.
Mas ninguém entende que ela não está correndo porque quer fugir do seu presente. Mas sim porque está desesperada para se encontrar nele.

Simbologia a parte...

Estou num lugar que gosto, numa situação que gosto, mesmo que isso seja um tanto frio e gélido. Há pessoas nesse ambiente que eu gosto. E eu construo meu lar ali... Elas me ajudam. Mas tem uma pessoa que eu não consigo decifrar. Seu sorriso parece irônico. Sorri apenas quando eu sorrio. E cada vez que eu penso que essa pessoa me sorri por pura obrigação ou pena de algo que ela me fez sentir, isso torna o sorriso dela mais cruel e me deixa com mais certeza.
Uma pessoa amiga sai desse meio porque tem outras coisas pra fazer lá fora (e é por essa pessoa que me sorri e por mim). Eu a sigo, afinal, não tem clima pra mim ali. Um beco separa onde estou para onde ela está indo. Quando chego do outro lado do beco, há calor. O tempo está bom, sem neblina, limpo. Quente, onde você pode diminuir a roupa que te esconde. Lá há um templo onde tem um velho sábio que me falará de meu futuro. As pessoas que estavam me ajudando começam a chegar. Mas a pessoa que me sorri ainda está para trás e eu vou chamá-la. Eu digo “oi, amor” e ela me responde “oi, amor” mesmo estando com a sensação de que se eu passasse reto, ela não diria nem oi. Chamo-a. Mas sigo para chamar outras pessoas e levar algumas coisas daquele ambiente frio para o ambiente quente. Mas meu lar ainda está sendo construído no ambiente frio... Mesmo assim vou falar com o velho sábio do outro lado.
Ele fala sobre algo que terei. Procuro características da pessoa que me sorri, mas me apavoro quando percebo que não há nenhuma... Mas paro de procurar características dessa pessoa. Vou olhar se tem características minhas. E me surpreendo que tenha tantas. E me alegro por saber que aquilo, mesmo que não pertença aquela pessoa diretamente, ao menos pertence a mim.

____________________________


Para quem não entendeu, foi um sonho que tive. No sonho, eu tive a sensação de que se tratava mesmo de uma outra pessoa, mas pensando agora, acordada, me pergunto se não seria apenas um espelho refletindo o meu coração. Talvez seja um eu que eu queira resgatar... Ficou confuso, mas vou deixar esse sonho público mesmo assim. Quem sabe LENDO NOVAMENTE, me pareça mais claro...

Mudando de assunto: Ganhei o prêmio de Melhor Atriz Coadjuvante do Festival de Vídeo Estudantil daqui de Guaíba (mas havia pessoas até do Acre). Pena que não tem filmagem da minha primeira reação. Eu não sabia nem para onde ir para pegar o prêmio, fique toda atrapalhada. Realmente não esperava. Será que foi grosseiro da minha parte não ter feito discurso?

:*

terça-feira, 17 de novembro de 2009

A Miragem

Ela tinha uma foto dele no quarto. Era em preto e branco... mas ela conseguia ver as cores... Imaginar os sons... Os cheiros...
Ela conseguia imaginar como estava lá: se havia vento, se havia sol e se fazia frio.
Ela largou a foto em cima da escrivaninha e saiu do quarto para viver mais um dia.
Ela ainda conseguia ver as cores e sentir o cheiro do gramado.
Ela franzia sua testa pela luz do sol que lá havia, ela sentia um arrepio pelo vento que lá fazia.
Ela conseguia ouvir risos de pessoas que estiveram lá. Ela conseguia imaginar o que teria de almoço naquele dia, naquele lugar...
Ela imaginava de mais. Ela sentia de mais!
Talvez ela imaginasse coisas que não estivessem lá. Talvez ela ouvisse vozes que nunca soaram. Talvez ela tenha sentido algo que nunca tivesse existido.
Mas ela podia sentir bem forte... e parecia que, de repente, havia alguém atrás dela... Ele! Ali, nas suas costas! Atrás dela!
Ela sentia seu perfume, ouvia sua voz.
Ela se virou. E o viu. Ele estava ali mesmo!
Ela encheu os olhos de lágrimas... ele estava ali.
Ela não sabia se devia abraçar. Era tão real... Real de mais para ser verdade...
Ele tinha aqueles olhos? O cabelo dele era assim mesmo?
Será que ela não confundiu ou modificou a imaginação?
Ele estava lá. A camisa se mexia conforme o vento.
Só ela o via. Havia um espaço vazio para onde ela olhava. Mas ela o via.
Ela voltou pro quarto. Ouvia a voz no seu ouvido "O que houve?"
Ela ficou sem reação, paralisou. Ela fechou os olhos. Ouvia sua respiração. Sentia que ele estava ali perto.
Sentia o cheiro dele.
Ela abriu os olhos, se virou para olhá-lo... não havia nada, mas ela o via... com tamanha perfeição, com detalhes. Ela viu seu relógio de pulso. Ela viu a jaqueta preta dele, e cada linha, cada fibra do tecido, cada costura... em detalhes. Real de mais. Ela olhou para a escrivaninha e agarrou a foto.
A voz perguntava em tom preocupado "você acha que não sou real? você acha que não estou aqui?"
Ela espiou a foto.
E ele continuava "me desculpe por fazer isso com você... mas agora estou aqui! você tem que saber o que é real!!"
Ela olhou a foto. Ela veria o que era real... Até sua miragem ordenava que ela visse o que era real.
Na foto, porém, não havia nada de real. Era apenas um papel mentiroso. Era apenas luzes e sombras que foram batidas na folha. O papel não sabia que aquelas gotas de tinta que ele absorvera formava um ROSTO. O papel nem sabia o que era um rosto. A máquina fotográfica não sabia o que eram olhos, nariz e boca.
Era apenas isso. Luzes e sombras jogadas num papel que formaria alguma coisa.
Ela alisava a foto... Lisa. Apenas papel. Apenas cinza, preto e branco.
Ela podia amassar e rasgar... jogar no lixo ou queimar...
E ela ainda podia fazer várias cópias. Sempre sairia o mesmo sorriso, o mesmo nariz, os mesmos olhos... E podia amassar e jogar fora... E fazer muitas outras cópias. E o que aquilo significaria afinal? Era só papel com tinta. Não era ele. Não era real. O concreto, o palpavel não era real. Não tinha cheiro. Não tinha o brilho dos olhos dele. Não tinha som do vento.
Ela se virou novamente para sua miragem. Ele olhava para ela sem piscar, sem saber o que esperar. Ela rasgou a foto e se sentou na cama.
Ele ficou olhando. Ela queria que ele sumisse... real ou irreal. Ela queria que ele apenas sumisse... Mas ele ficava parado olhando para ela.
Ela pensava que mandava na miragem. Mas ela o transformou em algo real. E ela pensava e imaginava que ele estava saindo pela porta ou que ele estava sentido remorso por estar deixando ela louca... mas ele apenas olhava para ela, preocupado. Ela rasgava a foto mais e mais a tal ponto que o correto seria dizer que estava picotando...
Ela olhou para o monte de papel picado, apenas com tinta formando qualquer imagem que tenham ordenado...
Ela olhou para a miragem. Levantou e o abraçou... E disse "viu o que você fez comigo?"
E ele perguntou "Eu fiz? Olha o que VOCÊ ME fez!"
Ela olhava para sua miragem... bem nos olhos!
"Sim, você!"
Ele sorriu...
E a beijou.

sexta-feira, 13 de novembro de 2009

TIC (ping) TAC (ping)...

Como um balde, esperamos até a última gota, até não poder mais, até transbordar... E quando ele transborda ficamos com medo de que não tenha outro balde ou não cheguemos a um lugar seguro para esvaziá-lo a tempo... Ficamos apavorados pensando "por que não esvaziei esse balde antes? agora vai fazer uma molhaçada legal!"
E nos preocupamos com o que vamos acabar molhando, quem se zangará com isso, porque serão muitas pessoas que se zangarão!

Pela nossa distração, terão que passar pela molhaçada, correndo o risco de resvalarem e se molharem também... Tudo porque não esvaziamos o balde antes. Tudo isso porque deixamos que acumulasse água.
Então ficamos com remorso... mas agora não temos mais tempo. É fazer ou não fazer, porque as pessoas vão ficar zangadas e isso não podemos mais mudar.

E a água cai.

E na hora de pedirmos desculpas, na hora de limparmos a água, percebemos que mesmo tendo deixado as pessoas zangadas, colocando-as em risco de se molharem também e de, quem sabe, resvalarem... Nosso chão está mais limpo!

Percebemos que se tivéssemos esvaziado, não deixaríamos as pessoas zangadas, nem colocado em risco de se molharem e resvalarem e a molhaçada jamais aconteceria, e não limparíamos nunca o nosso chão (se não tínhamos tempo para um balde, iriamos ter para o chão?).
E alguém se irritaria com a presença do balde quase sempre vazio no caminho, praticamente sem função de tão vazio... e o chutaria...

Então percebemos como as coisas se encaixam perfeitamente: Não tínhamos tempo para limpar nosso chão. Não limparíamos nunca.
E foi graças ao nosso balde que, de tão cheio, transbordou que finalmente limpamos o nosso chão.
E, finalmente, percebemos como é maravilhoso o tempo.
Paramos e refletimos.
E prometemos que, apesar do benefício causado, vamos tentar esvaziar o balde sempre que possível e limpar constantemente o nosso chão...
Mas assim como o tempo bate nos ponteiros do relógio, as gotas começam a cair e bater no fundo do balde...
Nossa vida é assim e o tempo estará observando tudo. O tempo, invisível, nos faz acreditar que não temos tempo... Mas ele está agindo silenciosamente. Passamos correndo pelo lado dele e ele nos acena, um aceno que não vemos e continua seu projeto, de trabalho, de vida, do nosso futuro...
Ignoramos tanto o tempo e corremos por ele que acabamos dando mais tempo para o tempo ajeitar nosso tempo.
E o tempo que está aqui, é o tempo que estará lá, mais adiante. E ele sorri para nosso desespero, ele sorri ironicamente, porque já tem um plano... Mas não conseguimos ouvi-lo no meio de tanta correria e no meio do som de pingos que caem no balde...


PING


Ele sorri.


PING.


Ele nos sorri.