sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Feliz Ano Novo!

Pessoas não são pertences
E a vida não é a estante
Tudo é uma grande
Mudança constante.

A realidade não pede permissão
para entrar na sua casa
Nem entra sem bater.
Ela É a casa.
Não tem para onde correr.

Quando a realidade nos cercar
E uma lição nos dar
Que não venham aqueles de fora
Que guardam pessoas numa estante
Nos culpar da nossa mudança constante.

Porque alguns sonhos já não tenho mais
Sonhos podem te fazer cantar
Do alto do céu, vendo coisas que ninguém viu.
E quem lá vai estar?

Sempre achei que os sonhos
Eram tudo o que podíamos ter
E que era nosso dever segui-los
Para ascender.

Sempre ouvi dizer que eu
Deveria me importar.
Mas eu também vi
Que não preciso me curvar.

Pois se os sonhos são meus, não eu deles
Eu devo segui-los com amor e paz.

E quando eu caí, vi que os sonhos falham.

Porque os sonhos não te dizem “isso vai passar!”
Nem conseguem te abraçar.
E não podem dizer “eu te amo”.
Então há algo maior.

O que são sonhos
Quando se tem amor?
Desnecessário adormecer.
Tudo é um sonho.

Pensei que estaria indo
Para nosso lugar secreto
Quando deixei o endereço
Nas mãos do motorista

Eu deveria agradecer
E sentir amor
Mas me senti traída
Por mim mesma.
Apostei tudo o que podia
E meu tudo não foi o suficiente.

E fui embora.

Vi meu sonho florescer
E morrer
Várias vezes
E ser vivido
Por vários
E cada vez
Mais distante.

A Bela Adormecida
A Rosa dos Espinhos
Inconsciente
Num reino parado
Onde não pretendo voltar.

Porque se ela acorda
Com um beijo de amor
Antes é preciso encontrá-lo
E onde não se encontra
Espalhá-lo.

Porque nunca se tratou
De ficar onde tem amor
Mas sim de levar
Por onde eu andar.

Já se passou tanto tempo
Que ouço os sinos de Natal
A esperança de cada ano
Para quem espera.

Para quem anda
É Natal todo dia
A noite tem estrela guia
E no coração alegria.

Feliz Ano Novo!
Porque não pretendo
Voltar ao Sonho Velho.

quarta-feira, 29 de dezembro de 2010



Ela sentia frio naquela noite quente. Ao mesmo tempo que tinha medo de sentir frio eterno, tinha prazer de sentir seu corpo descansando aos poucos. Ela não sabia que sensação era e não tinha ninguém para lhe explicar. Ela sabia que algo estava prestes a acontecer. E sabia que, a que ficaria, viria nem que fosse para passar a mão na sua cabeça e vê-la ainda com vida.
Mas ela não veio.

E esperançosa, foi fechando os olhos. Ela tinha certeza de que ela viria.
"Vou tirar uma soneca e vou acordar com ela me acariciando, dizendo que vai ficar tudo bem" pensou ela.
Mas ela não veio.

Estava apenas acariciando seu passado com doces lembranças e acariciando seu presente apenas por pensamentos... E o cordão da vida foi cortado. Ela foi. Ela ficou.
Feridas em lados diferentes...

E ela com a esperança de que ela virá mais tarde... Sempre mais tarde... Mesmo quando o mais tarde for tarde de mais.

Ela não entendeu como as coisas grandiosas pudessem ser reduzidas a pó, sem mais nem menos... Apenas pó. Ridículo e cruel. E ninguém havia perguntado a opinião dela sobre isso.

E a partir daí os que estavam de fora levaram o caso a sério, já que a única coisa que levam a sério é a morte. Ela é surreal! A única coisa real que ela tinha era o amor que recebera dela. E agora, viver de mentiras, risos falsos, consolos indiferentes cumprindo com seus papéis "sociais" que não socializam nada... A única coisa que tinha real por ali era a morte e a vida que partiu. E ela ficou como um ferro entre dois ímãs. Suspensa. Confusa.

Não queria escolher entre a vida e a morte, entre o amor ou a ausência dele... Ela só queria o que era real.
E o real estava agora atrás de um véu.
Esteve o tempo todo, atrás de um véu espelhado!