terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Feliz 2012!

Um ano termina e um outro começa, mas os votos de felicidades sempre continuam porque a felicidade não está em um ano ou em um mês, está em nossos corações sempre.
Apesar das perdas e momentos difíceis, conseguimos tirar de letra quando temos felicidade. Mas como se consegue felicidade? Tendo amor no coração. Temos que entender que o amor é tudo, ele é pleno, ele não é só a rosa, mas também o espinho. E pode ser apreciado com graça se revestirmos nossas mãos com luvas de gratidão e fé. A vida fica mais leve quando somos gratos, e quando somos gratos, cuidamos. Quando cuidamos, temos em abundância. A fé nos ajuda a prosseguir, mas para termos fé, é preciso termos esperança, para termos esperança é preciso enxergarmos possibilidades, para enxergarmos possibilidades é preciso conhecer e descobrir novidades, abrir a mente, sair da mesmice, por mais confortável que ela seja, pois a fé não é antolho que se usa para não desviarmos dos caminhos, mas sim o amor que usamos para conhecê-los. A fé não se usa no seguro, mas no incerto, no novo! Então desejo que o encanto do Natal brilhe em seu coração o ano todo e que não nos percamos de nós mesmos esperando as coisas acontecerem. Que não sejamos aquela nuvem cinzenta que espera pelas outras nuvens cinzentas para finalmente chover, e sim aquela nuvem atrevida que chove mesmo sozinha e mesmo que esteja fazendo Sol para que possamos formar um belo arco-íris na vida das pessoas, real e abstrato - como o Amor. Que 2012 seja mais uma escada para o aperfeiçoamento da nossa alma! Érica Leite Saez / 2011

P.S.: Meu amigo disse que esse texto ficou tão bom que mandou eu me preparar psicologicamente para vê-lo com a autoria de Chico Xavier ou Clarice Lispector rodando por aí. Todo texto bonito o pessoal coloca no final alguém super conhecido para validar. Mas eu disse a ele que se isso acontecesse, apesar de chateada, não ia ser o fim do mundo, afinal o que falei no texto não foi ideia minha, foi a percepção que tive da vida. A ideia já estava lá antes mesmo de eu nascer. Tudo aqui na Terra nos é emprestado. Não criei o amor, o percebi. Amor não é posse para nos apegarmos. Ele é liberdade. E bem, desde que circule e traga conforto para quem lê, é o que conta. Paz para vocês! :*

segunda-feira, 25 de julho de 2011

O Amor de Uma Sailor Senshi

Nossos caminhos se dividem
As estrelas decidiram assim
Então não perca o seu rumo
Não se esqueça sobre si mesmo
É o que mais amo.

A distância é grande
Mas do Universo conseguimos ver
Esse deserto amanhecer.

E as lágrimas cintilantes que chorei por ti
Se tornarão estrelas brilhantes
Iluminando, apontando e guiando o caminho.

Cada tristeza e alegria que sinto
Deixa um eco num sonho sem fim
Quando desejo poder escapar dessa escuridão
Te busco dentro do meu coração.

E as lágrimas cintilantes que chorei por ti
O tempo as congelará no céu
E se tornarão estrelas brilhantes
Que arderão da escuridão ao infinito 
Para além do céu azul e do mar
Perseguirei meus sonhos com amor
Seu olhar não pertencente aos ventos
De um futuro egoísta
Me disseram para fazer isso
Sem desespero
Pois ainda estamos no mesmo Universo...

domingo, 24 de julho de 2011

À imagem e semelhança de Deus

Crise.
Crise até na crise
Minha crise é existencial
Ou não existencial?

Minha crise cristalina
cristaliza o tempo
É transparente, mas sólido.
O arco-íris
Dentro do tempo cristalizado
É visível, mas abstrato.

O que há em cima
Assim há em baixo
A flor de cinco pétalas no campo
É a estrela de cinco pontas no céu

O mar é o espelho
Enquanto para nós o Sol sobe
Para ele o Sol desce
E mesmo com o Sol dentro dele
Ele continua escuro
E mesmo o Sol dentro do Universo
O Universo continua escuro

E no fundo do mar
Nós somos o tesouro perdido
E no fundo do Universo
Nós somos o amor soberano

E o amor não é a luz do lado de fora
O amor é a escuridão do lado de dentro
O amor é a escuridão tentando se descobrir
O amor é a escuridão cheia de estrelas.

Na luz, fazemos sombras,
mas na sombra lançamos luz.
Na escuridão do Universo há luz infinita
Incontáveis estrelas reluzentes.

A Escuridão é cheia
de Estrelas desconhecidas
A ignorância não faz
Com que elas desapareçam.
Isso nem rimou.
Então mergulhe.
O tesouro está lá
Onde está o vosso coração.

E os reis cantam:
"Per aspera ad astra
Vincit qui se vincit!"

Mas não quero alcançar o estrelato
Ser eterna e solitária no Universo
Quero ser estrela
no Universo do seu olhar
Quero pertencer ao seu olhar
Não olhe para mim
Como uma estrela cadente qualquer
Mesmo assim, faça seu desejo quando eu partir
Para podermos nos amar infinitamente

Olhe seu reflexo no espelho do mar
Você não saberá se são lágrimas ou estrelas
Que estão nascendo nos seus olhos
Mas é o único lugar onde o Destino
Estará passando com sua rede
Pescando desejos,
Sementes de sonhos,
Para plantar em solo fértil
No Universo.

sábado, 23 de julho de 2011

Fogo, Ego, Água

O fogo viu a água.
A água viu o fogo.
A água pensou:
"ele emana um brilho maravilhoso!"
O fogo pensou:
"ela reflete um brilho fabuloso!"

O fogo quis impressionar
E decidiu sobejar
Mas ao invés de ver o reflexo do seu fulgor
Viu a água se transformar em vapor
A água virou nuvem e choveu
E o brilho do fogo enfraqueceu

Ela voltou e quis impressionar
Começou a se inquietar
Perturbar e se ondular
Para refletir um brilho
que não era seu
E fazer o fogo invejar
Aplaudir e admirar
Mas sua agitação respingou
E no fogo tocou
E ao invés de vê-lo aplaudir
Viu ele sumir

E o ego do fogo
Não é como o ego
Da água
Que evapora
Vai embora
Se transforma
E está de volta
Ele some
Quando não consome
Ele morre.

sexta-feira, 22 de julho de 2011

Lua Nova

Dentro de nós temos
o potencial para sermos
o que quisermos!

Temos capacidade para mudarmos
conforme a Terra gira,
conforme a estação nos obriga,
conforme a água repuxa,
conforme o tempo vira,
e de acordo com as fases da Lua.

Eis a prova:
A Lua não some do céu
quando é Lua Nova.

É o mesmo planeta,
o mesmo ar,
o mesmo céu,
mas em situações diferentes.

A Lua não deixa de ser prata
quando a vemos laranja
no horizonte.

Nem deixa de ser redonda
quando a vemos fininha
no alto do monte.

A lua não some do céu
quando é Lua Nova.

quinta-feira, 21 de julho de 2011

Amor Venusiano

Teu amor é de outro mundo
Eu diria que é venusiano
Porque vivo no mesmo dia,
Já faz mais de um ano.

Mas vê se me cobre
com o cobre
dos teus cabelos

Pois eu não quero mais
Olhar para esse teu espelho

Onde fui procurar
meu reflexo de verdade
e o que encontrei
foi uma dura vaidade

Eu acreditava estar no Paraíso
Até ir ao Inferno
Conhecer os anjos.

O meu olhar vê nus
despidos
e descobertos
os vê-ne-nus
que venerava
o meu reflexo
tóxico.

Então vê se me cobre
com o cobre
dos teus cabelos.

O amor é invisível, abstrato,
logo o seu reflexo se converte em infinito.
A vaidade é concreta e quebra
logo o seu reflexo se converte em pedra

Então vê se me cobre
com o cobre
dos teus cabelos

Para eu poder olhar
para dentro desse espelho
que inverte inveja
reflexa e convexa
e espelha espalhando
o flexo do reflexo

Desse amor venusiano
cosmopolitano

E convexo.

quarta-feira, 20 de julho de 2011

"A vingança nunca é plena..."

Eu acredito que o segredo para estarmos em paz com nós mesmos é saber identificar a origem dos problemas e não apenas procurar os culpados. Quando identificamos a origem NÓS podemos tomar medidas para evitar a repetição do problema, quando identificamos culpados ELES precisam ter boa vontade para se responsabilizarem pelo problema. E se não o fizerem nem tiverem a punição que acreditamos que mereçam, para que sintam nossa dor, desejaremos vingança e passaremos a viver em função dela. Cada vez que eles sorrirem e tiverem sucesso em algo, pensaremos "como ousam querer felicidade depois tudo o que fizeram?", mas não podemos controlar os ares, apenas as velas do nosso barco.

A vingança é um sentimento de revanche, não há problema a ser resolvido nem uma lição a ser aprendida. Já dizia Seu Madruga: "A vingança nunca é plena, ela mata a alma e a envenena". Apesar da felicidade a curto prazo, esse sentimento nos causa a infelicidade porque é desgastante ter que se vingar o tempo todo. E nos sentirmos infelizes é sinal de que perdemos nosso ponto de referência ao seguirmos ideias alheias e vivemos num mundo ilusório.

A vingança nos dá essa sensação de poder, de liberdade, de dono de nós mesmo e da vida dos outros. Nos sentimos invencíveis, indomáveis. Mas isso porque ela não tem limite. E o problema é justamente esse. Nunca alcançaremos a vingança satisfatória. É necessário demarcarmos os limites. Se não o fizermos seremos absorvidos e absorveremos tudo incluindo o indesejado.

A vida fica mais leve quando percebemos que os problemas são causados pelas inseguranças e imperfeições que temos. Quando nos colocamos como responsáveis, viramos responsáveis e cuidamos para que o problema causado por outrem não se repita. Crescemos com a experiência, evoluímos, identificamos e disciplinamos nossos pontos fracos - sim, nossos, é sempre bom ter em mente que aquilo que você acredita a respeito de si próprio também é sua proteção e projeção - e aprendemos a dominar as correntes do rio, nadando e se movendo com graciosidade, causando pouca perturbação na água.

O aperfeiçoamento busca a perfeição, não o contrário. Se já estamos todos perfeitos, como conceber a ideia de nos aperfeiçoarmos? Devemos, primeiramente, aceitar as imperfeições, tanto em nós quanto nos outros. Estamos todos em processo de aprendizado. Não seja o espelho de quem errou com você, seja você mesmo.

terça-feira, 19 de julho de 2011

Segredo

Segredo
Segregação
Sangra
Manca
Espanca
Espanta
Afasta
A festa
A fresta
A fruta
O fruto
Desfruto
Desconto
Desconforto
Conto
O segredo

segunda-feira, 18 de julho de 2011

Conheça Suas Correntes

Hoje descobri algo sobre mim mesma e queria compartilhar com vocês!

Quando eu era criança sempre fui criticada por não falar muito. Quando as pessoas me perguntava algo eu respondia com sim ou não e o assunto morria. Ninguém conseguia decifrar o assunto que estava rolando no telefone através de minhas respostas (aham, sim, não, sim, sim, não, aham, sim).

Mas hoje noto que ninguém me fazia perguntas abertas, só me faziam perguntas de sim ou não, ora bolas, então queriam que eu respondesse o quê? E como me acostumei a dá-las, quando me faziam perguntas abertas eu precisava que especificassem o que queriam saber.

Em outras épocas eu reproduzia, com certo orgulho, o discurso que eu ouvia dos outros de que “a Érica é tão quietinha”. Isso me tornava especial, pois se eu ERA assim, então era uma característica minha e ninguém poderia ser igual a mim. Mas ao mesmo tempo eu pensava “já que sou assim mesmo, então não há nada que eu possa fazer em relação a isso”.

E apesar de eu perceber isso hoje, hábitos não mudam da noite para o dia.

Se você nasceu num parto tranquilo e não abriu o berreiro por estar confortável ou sonolento, você será eternamente o quietinho. Isso porque as pessoas vão começar a falar “ele é tão quietinho” e qualquer agitação a seguir será por qualquer outro motivo. Quando falamos para um criança que ela é de um jeito, nós meio que profetizamos, nós fazemos com que ela assuma aquele papel. Nenhuma criança chamada de pestinha, chora. Ela ri e continua importunando.


Parece que quando os pais dizem, a criança ganha o aval para ser daquele jeito. Não querendo tirar o mérito da personalidade própria e da genética, mas a criança acaba entendendo que ela tem permissão para ser assim. Chamar a criança de burra, inteligente, comportada, mal-educada meio que isenta o responsável de educar e se dedicar, porque no momento em que a criança É tal coisa, nada se pode fazer. Sempre que eu fazia algo ruim, meus pais diziam "por que tu fez isso, Érica? tu não é assim, tu é uma guria responsável, educada, comportada..."

Hoje sei que era uma tática de manipulação e quando alguém diz "mas tu não pode dar bola para isso, tu é mais madura que ela, não se vingue..." eu falo "hahahaha, sou sim, sou igualzinha a ela, porque eu tenho que ser sempre mais que os outros? só para aturar tudo quieta? Nem pensar, bateu, levou!"

Ok, não sou tão vingativa assim, mas hoje entendo e, claro, já adulta tenho meus princípios. Então sei quando devo ser uma coisa e quando devo ser outra. E quando não sei eu digo que não sei.

A margem para uma criança responder “não sei” não existe. “Como não sabe? Tem que saber!” Realmente, tem que saber, mas muitos pais dizem “tem que saber” ao invés de “pesquisem para saber”. Como a criança só tem conhecimento de sim e não, ela vai acabar mentindo porque ela “tem que saber” e leva essa lição para a vida adulta com muita opinião e pouca informação. E nós só podemos quebrar nossas correntes quando sabemos onde elas estão e do que são feitas para avaliarmos qual a forma mais fácil de arrebentá-las.

quarta-feira, 13 de julho de 2011

"Não Vale Nenhum Centavo, Mas Agrada a Quem Olhar"


Sempre veja os dois lados da moeda: às vezes acreditamos estar com uma moeda de 1 Real, só porque lemos "1 Real". Se olhássemos o verso, veríamos que ela é falsa. Mas a afobação de vermos um lado que indique valor já nos deixa satisfeitos.
Só porque algo tem dois lados, não quer dizer que um lado é falso e outro verdadeiro, mas sim que um consegue enganar, sem o malabarismo de dizer que é uma moeda mais atual ou meramente defeituosa. TODA [essa] moeda é falsa. Radical? Sim. Mentira? Não. Só se você vive mostrando para os outros o lado de valor e enganando as pessoas.
Não confio em gente que só vê o lado bom. Se é tão bom, por que não vê o outro lado, ser evoluído de bondade? Porque você não é bom, você é iludido com o lado que lhe parece bom.

quarta-feira, 29 de junho de 2011

Sobre vaidade, ganância e arrogância

Pessoas verdadeiras, honestas e sinceras consigo mesmas e com os outros, não gostam de arrogâncias. O arrogante acredita saber de tudo e procura quem corrobore suas ideologias. Os honestos admitem sua ignorância e crescem como pessoa, por isso não se vinculam com a arrogância - ela limita seus conhecimentos.
Quem se vincula aos com arrogantes são os falsos. Os falsos não se importam em se vender por troca de benefícios, não têm princípios, não têm caráter, não se importam de andar com gente que não gostam, não se importam de sorrir para quem odeiam, de darem beijinhos em quem tem vontade de dar na cara.
Os falsos não se importam se você está no caminho certo ou no caminho errado desde que você esteja lá quando eles precisarem. Eles te dizem "te aceito do jeito que é!". Os falsos têm objetivos, planos e ambições e precisam de ti no momento, então aplaudirão tudo o que você disser e darão tapinhas nas suas costas. Por isso, desconfie de elogios repentinos. Não aceite bajulação.
Agradeça ao seu adversário pelo seu interesse, pois qualquer pessoa que toma tempo para discordar contigo está interessada nas mesmas coisas que você. Pense neles como pessoas que desejam te ajudar. Se você pensar mal das pessoas, as pessoas pensarão mal de ti e você estará ao redor de pessoas cheias de pensamentos ruins e sentimentos podres e mesquinhos como a vaidade e ganância, a arrogância.
Pessoas contaminadas por esses sentimentos tendem a fazer intriga, fofoca, birra para terem mais destaque, e quando isso retorna a elas, pensam "isso é tudo inveja de mim" ou "o mundo dá voltas, eles vão ver só" e não pensam se não estariam colhendo algo que plantaram tempos atrás - mesmo que não condiga mais com sua fase atual. Por isso as coisas voltam a acontecer com elas, que pensam ser perseguição ou algo do tipo. Mas na verdade, voltam a acontecer porque não aprenderam a serem humildes, respeitosos, gratos, verdadeiros e sinceros. Querem sempre impressionar, se provar, e acabam passando por cima de seus princípios, porque pensam que é temporário e que a essência delas é o que realmente importa, afinal "eu sou uma boa pessoa, faço isso apenas como um meio para atingir meu objetivo". Mas nunca permanece temporário, nunca é apenas um meio porque é preciso criar outra mentira para sustentar a primeira e uma terceira para sustentar a segunda e uma quarta para sustentar a terceira. Começam com um floco de neve, uma mentira boba não só para agradar alguém, mas para ter sua aprovação e termina numa bola de neve de irrealidades que as esmagam.
Eu sei, no mundo há vários filmes sobre esse tema - O Mentiroso, Meninas Malvadas, Pinóquio - não é nenhuma novidade o que digo. Mas uma coisa que esses filmes nunca mostram é o que acontece depois que as pessoas mentem. Sim, porque no final todos se entendem e tudo fica bem. As pessoas precisam entender que em um roteiro de filme você pode dar o fim que tanto queria para a sua história. Bem diferente da vida real. Na vida real se você cometeu um erro, você não vai acordar com 13 anos e perceber que tudo não passou de um sonho.
Chega um momento em que não conseguimos mais respeitar algumas pessoas porque já quebramos tanto a cara, já pensamos diversas vezes "não foi por mal" e elas continuaram fazendo mal sem nenhuma justificativa plausível ANO APÓS ANO que nossa desculpas na lista de "deve ter um bom motivo" se esgotam. Fazem da vida dos outros um inferno, desrespeitam as pessoas e falam que isso é colocar limites para serem respeitadas, pensam mal das pessoas porque não entendem elas, ficam na defensiva quanto a críticas sinceras, mas reagem e perdem tempo com críticas negativas.
Quando chega nesse momento, já não acreditamos mais que a pessoa querida está confusa, perdida, mentindo ou interpretando um papel só para conseguir algo e que logo voltará a ser como era antes. A conclusão a que chegamos é que, se ela fingia em algo, era em ser aquela pessoa querida. Porque ninguém consegue sustentar uma mentira e ninguém consegue viver de um jeito que vai contra sua natureza por tanto tempo. E se consegue, isso acaba virando hábito e o hábito acaba virando um estilo de vida.
Vai ver as conversas no Whatsapp, Facebook e celular dessas pessoas. São só ofensas, sentimentos de raiva e ódio, mentiras, briga de egos...
Na hora da raiva dizemos coisas horríveis sim, mas quando isso vira hábito é algo que merece um pouco mais de atenção.
Por que você está com raiva o tempo todo? Que tipo de vida você está levando onde a raiva impera na maior parte do tempo? Se fizer uma pesquisa no teu chat, quantas vezes vai aparecer a palavra amigo, futuro, felicidade? E quantas vezes vai aparecer inveja, recalque e um monte de palavrões - como, por exemplo, desejando alguém ir se foder?
Melhor mudar o quanto antes porque quando você fizer algo de bom, as pessoas vão pensar que é por algum interesse ou benefício próprio... E o pior é que elas terão razão em pensar assim.
Você não pode vencer uma discussão porque se você perde-la, você a perdeu. E se você ganha-la, você a perdeu. Porque se você magoa, fere, contradiz alguém, às vezes você obtém a vitória, mas será uma vitória vazia porque você nunca conseguirá o bem estar do seu adversário. Então descubra por si mesmo: você prefere uma vitória teatral e acadêmica ou o bem estar de uma pessoa? - (Dale Carnegie).

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Estrelas Dançando e o Tempo Acabando

A expectativa de vida do ser humano nos dias atuais prega certas peças no nosso cérebro como, por exemplo, desarquivar um conhecimento para que possamos prosseguir, desaprender e se desprender para que possamos aprender um aprendizado que vamos desaprender e se desprender futuramente por questões de prioridade e necessidade para chegar vivo até os 80. Mas há uma grande diferença entre “deixar pra lá” e ser irresponsável. E a irresponsabilidade está tomando o lugar da sabedoria por trás do “deixa pra lá”.
Um exemplo disso são propagandas de “se beber, não dirija” que mostra famílias inocentes destruídas por irresponsabilidade alheia. Todos se emocionam, se comovem... Mas 10 minutos depois saem para beber e voltam de carro. E nesse pequeno exemplo, contém vários traços da nossa sociedade doente:

1. Egocentrismo: Pensar que coisas ruins não vão acontecer conosco e, se acontecer, daremos um “jeitinho” devido a “exaltação da autoestima”. É claro que devemos colaborar com a autoestima, tanto quanto a nossa quanto a alheia. Ama teu próximo, não teu semelhante. Mas nem nos damos ao trabalho de controlarmos nossos impulsos de beber por mera diversão e “foi Deus que quis assim”?
Partindo desse ponto, sabemos que o ser humano pensa ser “o protegido.” Ideia de uma sociedade totalmente alienada que não sei se não se governa porque pensa estar sendo guiada ou se pensa estar sendo guiada porque não se governa.

2. Carpe Diem: A exaltação da luta faz a gente se sentir viva. Sim, “aproveitar o dia” virou sinônimo de competição, de disputa. Mais diversão e menos reflexão, afinal o sentido da vida é desfrutar cada minuto independente de magoar, ferir e matar os outros, porque todos os outros também fazem isso, não é mesmo?
O resultado é uma sociedade (sociedade?) toda corrompida com seus próprios interesses, sonhos e esperanças. Essas palavras deveriam ser coisas bonitas, mas sonhar hoje é sonhar apenas com o material, é sonhar apenas com você. Não há outros. Hoje, esperança significa esperar que o outro se dê mal para pegar seu lugar. E durante muito tempo não vi nenhuma resposta convincente para esse problema, nenhum argumento a altura, porque as pessoas não querem pensar sobre isso. E é exatamente aí que estava minha resposta: No silêncio da Preguiça.
Claro que nunca vi uma resposta, uma vez que as pessoas não se governam, não partem de si mesmas e esperam as coisas caírem do céu, esperando oportunidades para atacar. As pessoas sempre respondem com “é assim mesmo”, “são coisas da vida”, “um dia teremos respostas para essa humanização já quase perdida” e até mesmo “não pense nisso e vá ser feliz que é mais importante”, mostrando deslavadamente que sabem das consequências, pois quem tem conhecimento, tem um grande poder e “com grandes poderes vem grandes responsabilidades”. Essas respostas indiferentes servem para uma sociedade que sabe que se um problema tem solução, então não há motivo para pânico porque tem solução e se não tem solução, não há motivo para pânico, porque não tem solução. Mas experimente dar essas mesmas respostas para pessoas que não respondem por si, vítimas de preconceitos, perseguidas, sofridas, abusadas e que passam fome... Elas não têm tempo para “esperar uma resposta”. Elas não podem aceitar, se conformar e “deixar isso para o governo” ou “colocar nas mãos de Deus”. Elas não vão deixar de pensar em comida ou na violência que sofrem e “ir ser feliz”. Pense o quão preguiçoso e mesquinho é seu conselho quando dá uma resposta dessas.

3. Escravidão: Um povo que não se governa precisa de um líder, um bode expiatório para culparmos e responsabilizarmos. E não precisa ser um líder de carne e osso, pode ser um feito de fé.
Pense em como seria mais enriquecedor (não somente no sentido financeiro) se procurássemos soluções tanto quanto procuramos por culpados.
As coisas invertem: quando antes era só escravidão no trabalho, agora é só escravidão no espírito. As pessoas estão numa constante busca pelo prazer. É um vício pelo entretenimento que curiosamente a grande mídia televisiva não “reporta”. Sim, a TV não é burra de falar que ela mesma quer nos desviar da realidade nos enchendo de entretenimento fácil e barato. E depois de uma torrente de piadas já nem lembramos mais da primeira.
Já não há mais um “desejo duradouro” que realizamos constantemente e o vivemos todos os dias. Não... São desejos descartáveis, e no outro dia já não entendemos como ontem estávamos rindo tanto e como hoje estamos tão vazios. É uma fome que não é de comida, um frio que não é de temperatura baixa.
Pode parecer utópico desejar algo que “permaneça” visto que nos dias de hoje “nada prende ninguém”, e que bom que somos livres para fazermos nossas próprias escolhas e descartarmos o que quisermos. Mas contra fatos não há argumentos! São poucos os casos em que as pessoas são livres. Elas se perdem sozinhas e se prendem a um “ponto de ancoragem” usando o argumento de que “estão presas por livre e espontânea vontade” e que “ninguém deve se meter na vida do outro” quando vivem dizendo que sua vida é um “livro aberto”.  Perceberam como somos manipulados? Estamos presos e mesmo assim pensamos que somos livres... Taxar isso de conspiração realça o fato do egocentrismo na nossa sociedade. Não sei por onde começou essa onda, mas as pessoas, por não quererem parecer burras ou controladas, se mostram tremendamente céticas para as outras como se qualquer história fosse para “boi dormir”. Ora, se não há NENHUMA consequência em seus atos, por que realizá-los???
Temos tanto medo da alienação que isso acaba se tornando uma alienação! Somos escravos do descartável e por isso não temos motivação para lutar. Só resta rir de tudo.
As pessoas banalizam e vulgarizam por lazer e quando acham que estão fazendo algo de útil, geram ódio em cima de ódio!

Esses traços resultam na banalização das vitórias. Ninguém mais luta para vencer, mas para falar “eu tentei”. Em algum momento nossos pais quiseram nos incentivar mostrando que “não temos nada a perder”. E acreditamos nisso até hoje! Falta motivação! A famosa frase “pelo menos tente” usada por maioria dos nossos pais nos fazia pensar que o importante era TENTAR. Não pegamos a ideia real que era tentar até VENCER.
E quando não conseguimos vencer e alguém nos cobra, damos chilique, trocamos ofensas, debochamos do outro. ReVoltar não é rEvolucionar. As pessoas geram ódio, ao invés de adquirirem conhecimento, conhecimento que tanto pregam. Dizem querer respeito e dignidade, mas não têm nenhuma para com os outros nem com eles mesmo, se ofendendo e rindo de quem está irritado com essa situação toda, chamando-o de sonhador, bobo, tolo... A não ser que a irritação seja com a mesma situação que você se irrita. Isso é respeito?
É por isso que com tantas “vitórias” não se vence nada. A cada vitória nos sentimos mais vazios, como se nada fizesse a diferença, como se ainda tivesse algo maior para lutarmos. E há. Mas não enquanto defeitos forem aceitos nas vitórias; não enquanto a vitória vir defeituosa e a louvarmos com “pelo menos eu tentei” para satisfazer e acalmar nossa consciência pesada; não enquanto o saber for só uma ameaça, para não ter que lutar; não enquanto o ódio repassado e a frustração compartilhada forem sinônimos de conhecimento e dignidade; não enquanto a irresponsabilidade for sinônimo de sabedoria pessoal.

sábado, 21 de maio de 2011

Lágrima


A lágrima é poderosa. Assim que ela brota em seus olhos, seu coração acelera e você parece ter perdido todos os sentidos. Não fala, pois parece ter um nó na garganta, não consegue respirar e dificilmente ouve as palavras de conforto dos outros. Seu corpo todo pára e é como se só o cérebro e o coração estivessem funcionando.
Mas a cabeça doendo e o coração esmagado como se os dois estivessem brigando.

Razão ou emoção?

Não ou sim?

Isso ou aquilo?

Quem venceu? Nenhum dos dois. Eles acabaram desmaiando e isso fez com que você dormisse. Mas depois eles acabam fazendo as pazes. E você acaba com aquela cara de choro.

E se brigar pelos seus ideais significa coragem e força, devo dizer que a lágrima é um símbolo de quem é forte, pois nem todos têm a coragem e a ousadia de deixá-la rolar, com medo de que a luta seja motivo de piada!

terça-feira, 17 de maio de 2011

Amor de Amiga


Saudades de uma amiga
Que agora namora
E não tem tempo para mim.

Diz que encontrou o amor
Mas sabemos que ela não está tão feliz assim.

Ninguém tem o direito de
Fazer uma pessoa sofrer
Ainda mais você.

Para tapar um buraco no coração
Toma um gole de outro amor
Mas não é esse o medicamento
Que vai curar seu coração.

Seu coração viciou-se noutro amor
Um amor que você não pode ter
Mas sempre que quiser um medicamento
Estarei aqui
Para lhe dar um pouco de carinho
Afinal
Que amor é esse que destrói que faz sofrer?
Não te garanto sobre os outros
Mas o amor de uma amiga
Você sempre vai ter.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Cursos Que Gostaria de Fazer Se Eu Fosse Eterna ou Tivesse Tempo Nesse Mundo Onde Você Tem Que Se Formar Logo Para Ir Pro Mercado de Trabalho

Música:
Eu gostaria de entender o que torna um som harmônico.
E para quem não sabe, eu tive aulas de piano, mas parei.

Dança:
Eu gostaria de entender o que torna um movimento harmônico e o que uma postura expressa. E não falo do sentido de “boas maneiras”. Não quero aprender padrões de uma sociedade bem educada e refinada, mas sim o ser humano em si.
Se bem que nos dias de hoje é raro dançarinos dançarem para emocionar, sentimentalizar, tocar a nossa alma. Muitos querem apenas mostrar que sabe aquele passo difícil, mesmo que não haja harmonia alguma com a música ou mesmo que não expresse nada. Títulos, troféus e medalhas é o que há.
Parabenizo os dançarinos que não se vendem por um pedaço de ouro. Vossas almas são maiores. :)

Pintura:
Eu gostaria de entender o que torna uma visão harmônica.
E para quem não sabe, eu tive aulas de pintura, mas parei. Parei porque era o único “curso” que eu conhecia de pintura e infelizmente, a professora não me ensinava ou não saciava minha curiosidade e interesse. Ela dizia o que eu tinha que fazer e só. Eu fazia, apesar de não saber o que eu estava fazendo (risos).
Também gostaria de fazer Fotografia.

Propaganda:
Eu gostaria de entender como as pessoas se deixam ser manipuladas por genialidades que se vendem. 

Letras:
Francamente, eu adoro escrever. Mas isso tem mais a ver com o fato de eu ter sido uma pessoa introvertida e precisar me expressar corretamente de algum jeito do que, de fato, saber escrever. Até hoje prefiro escrever e não que eu não goste de falar pessoalmente, até porque nada, nada substitui um gesto, um tom de voz ou um olhar no meio da conversa, mas enquanto se escreve, se tem tempo de pensar e passar a ideia real, sem gírias, códigos e gestos pessoais. Pode-se apagar e tentar novamente antes de gerar alguma confusão. Claro que isso depende de quem vai interpretar a mensagem, mas como eu disse, tem algo mais a ver comigo.
As pessoas não sabem conversar. Ou eu não sei e nem quero talvez. Porque as pessoas não querem te ouvir de coração limpo. Elas querem que você fale, para elas poderem rebater. Não critico isso. As pessoas precisam sim questionar. Só penso que muitas dessas pessoas o fazem para se defenderem de alguma verdade e não para chegar em alguma verdade. O que gera um bate e volta repentino e me deixa perdida, pois até então eu estava falando de A e não de B e se eu não der uma resposta logo, fica aquele clima de “ih, se perdeu, nem sabe o que tá falando” e daí, meu amigo, você “perde o respeito” e ninguém mais te ouve.
Não importa se você está certo mas ficou com dúvida ou ainda está pensando no que falar. Se você não falou com convicção, “perdeu”.

Psicologia:
Abrange grande parte do que eu disse aqui de se expressar, de entender o que torna algo harmônico, o que torna algo confuso, o que manipula nossas mentes. Entendendo o que manipula nossas mentes, já é meio caminho andado, concordam?

Biologia, Química e Física:
Quer coisa mais interessante que a realidade? Como ela funciona, como nos afeta... É uma coisa que não muda. Quer dizer, cientistas estão sempre descobrindo uma coisa ou outra, mas não é algo que mude. Sempre esteve lá, só que nunca nos aprofundamos.
Que me perdoem a ignorância, mas acho que é mais fácil do que acompanhar a evolução da mente humana, seus surtos, seus medos, seus sonhos, seus prazeres... Apesar de eu preferir acompanhar isso tudo. Bancando a psicóloga comigo mesma, deve ser porque eu sei que a Ciência estará sempre lá para quando eu tiver dúvidas, já os humanos... Se bem que às vezes vejo tanta covardia, tanto comodismo que me pergunto se não é o ser humano que vai estar sempre lá, parado no tempo, esperando alguém decifrá-lo.

Filosofia:
Diante de tudo o que eu disse, acho que dispensa explicações, não é? :)

sábado, 7 de maio de 2011

Siso

Se eu soubesse que mesmo aos 20 anos iam ficar enchendo meu saco, eu tinha feito bobagem aos 14 já que "tá na idade", já que valorizam o "errar para aprender". Pelo visto não ter feito bobagens na minha adolescência aparentemente não significa que tenho bom senso, crédito ou voto de confiança... Pelo visto isso significa apenas que eu não errei o "bastante" para hoje poder dizer que tenho juízo. É, claro, isso faz todo o sentido do mundo. ¬¬'

quinta-feira, 28 de abril de 2011

O Navegante Estelar



Era uma vez um navegante que havia nascido das estrelas, uma linda e cintilante família.

Um dia ele conheceu a Lua e se apaixonou por ela. Estava com dois corações: deixaria as estrelas para ficar junto a Lua ou deixaria a Lua para ficar junto as estrelas?

Todas as noites as estrelas estavam lá. A Lua às vezes estava, às vezes não, às vezes aparecia pela metade... Mas as estrelas sempre estavam lá. Todos ao seu redor diziam para escolher quem sempre esteve ao seu lado. Mas ele já sabia o que esperar das estrelas. E talvez exatamente por isso, ele sentia a vontade que todo navegante tem de ir descobrir o novo.

Seus instintos escolhiam a Lua. Sua razão escolhia as estrelas. Deveria ele trocar o certo pelo duvidoso? Pensou, racionalizou e racionalizando se deu de conta que a razão era algo que ele havia aprendido. E se aprendeu, levaria consigo onde fosse. Já instintos não se aprendem. A razão existe para nos proteger da impulsividade. Mas nenhuma resposta racional poderia responder o por quê de ele se sentir atraído pela Lua. Então finalmente decidiu: escolheu a Lua.

A partir daí, as estrelas viraram mapas para que ele não desviasse nunca do caminho correto durante suas viagens. E a Lua não só controlava suas marés como sempre o surpreendia em suas fases.




quarta-feira, 27 de abril de 2011

Sol de Amor II

Hoje descobri que o Sol não era você, mas sim eu. Eu era a estrela do amor. Era a ideia que eu fazia de você. Você está mais para lua: aparece quando quer, de vez em quando, ora cheio de amor, ora vazio...

Sim, a lua me fascina. Mas o fato de eu adorá-la não me torna especial porque, para falar a verdade, não sou eu que adoro ela. Ela é que é sedutora! Então é claro que as pessoas se apaixonam pela lua. E todas elas acreditam ser merecedoras... Como eu também acreditei uma vez.

As pessoas querem ver diferenças em comum e semelhanças incomuns e inventam que o Sol e a lua, mesmo que seja rara as vezes em que se encontram, são enamorados.

De fato quando a lua cobre o sol, algo grandioso acontece. Surgem estrelas que nunca foram vistas antes, parece que todo mundo corre para testemunhar esse caminho cruzado, mas logo passa. E no final, é tudo sobre estrelas, sempre foi sobre estrelas...

segunda-feira, 25 de abril de 2011

Coquinho

Lá do alto despencou. Sabia que um dia cairia, afinal, todos ao seu redor haviam passado por isso... Era um processo normal. Mas não sabia que iria doer tanto.

Era duro por natureza, mas com a queda foi se abrindo aos poucos, ao contrário de muitos que despencam do céu e não sabem mais serem suaves dando uma nova condição dura para sua vida.

Desde que era um coquinho todos ao seu redor diziam:

"Quando sonhamos alto devemos ser leves e quando caímos devemos ser fortes!"

Mas não era assim que ele estava se sentindo... Tinha sido forte e duro lá no alto, se preparando para quando ficasse com os pés no chão pudesse ser o mais doce possível.

E agora, caído, estava finalmente ao alcance dos sedentos pela sua água.

sábado, 23 de abril de 2011

As Mudanças da Cerejeira

Era uma vez uma muda. As pessoas que a conheciam a achavam misteriosa, mas ninguém parava para cuidar dela.

Um dia alguém decidiu fazer isso. Foi por mera curiosidade, para vê-la florescer e descobrir de que espécie ela era. E a muda floresceu. E muitos bateram palmas. "Até que enfim!" diziam.
"Até que enfim o quê? Estavam com pressa? Pressa pra quê?", pensou a muda.

Depois de florida, novas pessoas chegaram com suas opiniões formadas, esquecendo que ela estava nova e ainda ia passar por muitas abelhas, borboletas, tempestades, invernos...  As pessoas que acompanharam seu crescimento já não estavam mais por ali. Umas se mudaram, outras a morte levou... A muda precisava fazer outro número! As flores rosadas não era mais o suficiente. A beleza já não era mais novidade para aquela gente. Eles não se importavam se ela ia crescer, se fortalecer ou florescer... Eles queriam que ela fosse útil para eles, que lhes oferecesse algo. Então decidiu dar frutos, pequenos e avermelhados. Mas com o passar do tempo, deixou de ser novidade e os frutos já forravam o chão.

E então a árvore, outrora muda, percebeu que já não teria muitas novidades para apresentar a partir dali. Não teria mais nenhum número especial para que amassem ela. Logo ela cairia no esquecimento... E então a estação do ano mudou.

E ela percebeu que não precisaria surpreender sempre as pessoas. Que as estações do ano se encarregariam disso.

A árvore de cerejeira permaneceu e muitas pessoas passaram pela vida dela, esperando coisas diferentes. Já não havia mais aquela expectativa do que ela seria. Todos já a conheciam. Inclusive ela mesma. Deixou de ser muda para ser mudança.

quinta-feira, 21 de abril de 2011

Me salva!

Sobrevivendo por pura ansiedade não consigo encarar o dia porque, logo cedo, ao me olhar no espelho vejo, em cada fibra do meu ser, o reflexo das nossas promessas e sonhos. Eu sou apenas o reflexo do nosso amor. Tudo o que mais amei, pouco a pouco, começa a cair em esquecimento e é abafado pelos escombros e novas construções...

Soterrada, pisoteada, trancafiada e contida, corro atrás da esperança, presa numa camisa de força chamada coração...

E os fragmentos de amor ao meu redor vão morrendo aos poucos, uns abraçados a outros, esperando eterna e inutilmente que o outro acorde...

Ninguém vai me salvar?

Aos poucos meu coração vai perdendo a voz, perdendo a fé, perdendo a vez...

Contesta-me! Salva-me da escuridão! Salva-me do esquecimento! Mostrando-me que essa queda, realmente, valeu a pena... Apenas salva-me daqui.

segunda-feira, 18 de abril de 2011

Epitáfio Precoce

Conheço gente que se faz de mal amado para ser aceito porque se as pessoas te vêem feliz e esperançoso elas dizem que você não sabe nada da vida REAL. Parece que é errado ser feliz, porque as pessoas que sofreram querem um reconhecimento.

Elas percebem vidas fáceis e felizes e dizem que isso não é viver, é se aproveitar de quem sofreu e lutou por um mundo melhor, com uma pontinha de "falem de mim para que eu possa falar mais um pouco".

E para ter esse reconhecimento, elas precisam contar suas histórias e para que suas histórias sejam mais legais elas precisam ANULAR a sua, dizendo que você também não tem uma. E o que te resta para ter história? Querer e enaltecer a sofridão e largar de mão as coisas simples que te faz feliz.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

A História do Lápis Preto (Parte II)

Outro desenho assinado pelo aluno com seu habitual lápis preto deixou a professora preocupada: o sol era negro, as flores eram negras... Até as pessoas eram apenas vultos pretos no papel. Não tinha marrom, não tinha rosa, não tinha amarelo... Só preto.

A professora achava aquilo triste e pensava que algo estava errado com aquela criança. Por quê? Não sei! Talvez ela fosse racista e tivesse preconceito com preto! Tudo bem, essa piada foi infame... Mas de fato, geralmente é assim: se nos vestimos de preto somos pessoas introvertidas, com fobias e provavelmente sofremos algum trauma, que quer disfarçar e esconder nossas inseguranças... Então, se uma ingênua criança, simplesmente, sempre pinta desenhos de cor preta, é óbvio que futuramente ela tentará cometer suicídio, planejará tortura contra as pessoas de quem não gosta, matará por prazer, dirá que a vida é uma droga, será uma assassina psicótica compulsiva... A lógica é imbatível, é claro!

Com o passar dos dias a professora não aguentou mais segurar aquela angustia só para ela e teve a brilhante ideia de falar com a mãe do garoto. Ela disse que as crianças têm que usar cores no seu trabalho para mostrar que conseguem sair do "pretinho básico". Elas têm que passar a imagem de que conseguem ver o mundo de outra forma, conseguem imaginar, sentir, pensar, conseguem criar, e sair da sua zona de conforto. Pessoas seguras arriscam no colorido. Se jogam. Pessoas inseguras, preferem ficar no preto. E pessoas inseguras farão qualquer coisa para estarem com pessoas seguras. QUALQUER COISA. Eis o medo.

A mãe preocupada gradeceu a professora e voltou para a casa com o filho. Tirou uns dias de folga para ficar com a criança e observar melhor seu comportamento. Sempre fora uma mãe dedicada, cuidadosa. No primeiro dia de aula ela disse ao filho "cuide bem do seu material, não empreste a ninguém" e agora se sentia culpada por estar ensinando a criança a ser egoísta, malvada, sem poder confiar nos outros, porque um dia eles quebrarão seus lápis coloridos. Mas conforme os dias passavam ela se certificava cada vez mais que a criança era feliz. Não havia traço algum indicando tristeza, insegurança, raiva...

Era seu último dia de folga e a mãe ainda não tinha descoberto nada. Ela não iria conseguir trabalhar sossegada sem tirar aquilo a limpo, então decidiu que faria isso e faria já! Se aproximou toda sem jeito da criança, com medo de respostas, perguntas... Respirou fundo e perguntou:

- Filho, por que tu só usa o lápis preto nos seus desenhos? Tu não gosta das outras cores?

- Mas eu gosto das cores. Eu não gosto é do lápis preto.

- Então por que tu só usa ele nos seus desenhos?

- Para acabar logo com ele! Já tá bem pequeno...

- Mas se tu não gosta dele porque não dá ou joga fora?

- Ué, mãe, tu disse para eu cuidar e não emprestar para ninguém, né?

- Mas a mamãe não sabia que tu não gostava do lápis preto...

- Ah, mas a culpa não é tua se na caixa sempre vem um lápis preto.

Então a mãe riu. Como ela tinha sido tola na sua inteligência. Obviamente, contou o caso para a professora e todos viveram felizes para sempre. Ou pelo menos até se perguntarem o por quê de ele não gostar do lápis preto...

terça-feira, 12 de abril de 2011

A História do Lápis Preto (Parte I)

Uma vez eu estava contando para uma professora do Jardim de Infância que quando as professoras me davam desenhos para serem pintados, eu imaginava as suas cores: uma moita da cor verde; um céu de cor azul... Botas eram marrons, cinzas ou pretas; gravatas eram pretas ou vermelhas.

Quando tínhamos que pintar algo que era branco (nuvens, dentes, partes da roupa do Papai Noel) eu usava branco. Ou não pintava (se o papel fosse branco, obviamente). Mas algumas professoras, eu lembro, diziam que o trabalho não estava pronto se não pintassemos todo o desenho. Talvez fosse para explorar nossa criatividade e potencial. Ou para não ficarmos sem fazer nada e cumprir a carga horária. Ou até mesmo por pensarem que seríamos futuros vagabundos, fazendo as coisas pela metade e sempre tentando sair de fininho de uma tarefa.

Eu particularmente, não gostava quando era obrigada a fazer alguma coisa que não me parecia ter sentido. Ainda não gosto. Mas "manda quem pode, obedece... quando é conveniente". E uma criança questionando nunca é apenas uma criança questionando para um adulto: é uma criança chata querendo dar uma de espertinha.

Mas voltando as cores: eu tentava então aproximar ao máximo aquela cor da realidade. Uma nuvem eu poderia pintar levemente de amarelo ou cinza. Eu era cuidadosa com as cores. Pintar não era só uma tarefa ou um simples passatempo. Era uma arte!, que tinha que ter mínimos detalhes. Eu lembro que quando um desenho tinha uma linha falha, eu criava uma linha. Porque aquilo não fazia nenhum sentido: alguém com camisa de manga comprida, mas sem gola, para diferenciar. E tinha gente que pintava de qualquer jeito. E eu me lembro que eu pensava: "tudo bem que eles façam isso, mas uma PROFESSORA???"

Então nunca entendi como alguém poderia pintar um coelho de roxo, em cima de um gramado azul, atrás de uma moita rosa, com um sol preto ao fundo. Era a coisa mais bizarra que eu via. E me lembro que me perguntava (e ainda me pergunto) o que diabos essas crianças têm na cabeça para pintar assim?

E que diabos os professores tinham na cabeça para aceitar aquilo? Estava horrível! A cor saia do desenho. A linha que era o limite, não era respeitada, e eu ficava indignada, porque eu tinha caprichado! Tudo bem que eu trocava meu desenho quando minha prima dizia que queria o meu para colocar o nome e entregar para a professora. Eu aceitava numa boa ficar com o dela porque eu sabia da verdade. Era o que importava. E caso alguém questionasse era só eu não trocar os desenhos da próxima vez para eles verem. Então, tudo bem. Se alguém acha meu desenho mais legal, eu devo encarar isso como um elogio, não com inveja, orgulho... E como a nota era igual para todo mundo, então, que se dane! o/

Bom, eu estava falando tudo isso para a professora uns dias atrás e ela me contou uma história: A História do Lápis Preto.

domingo, 10 de abril de 2011

Mestres e Aprendizes

É chato ter que começar um texto dessa forma, mas como não trabalho num jornal e esse é um blog pessoal que apenas pessoas do meu convívio leem, acho justo esclarecer que não estou generalizando! Só não vou ficar me desculpando a cada começo de parágrafo dizendo "a maioria isso", "a maioria aquilo", "não que todo mundo seja assim, mas..." para não perder o foco, ok? Então podemos prosseguir!

Até hoje eu não gosto de ser obrigada a fazer algo que não me pareça ter sentido. Eu não sou burra. Pode me explicar o porquê. Mas como diz o velho conselho: Respeite os mais velhos.

Não porque são velhinhos indefesos, mas sim porque eles tem vivência, experiência.

Isso quer dizer que temos muito o que aprender e que nunca chegaremos ao mesmo nível intelectual deles.

Tá certo. "Temos muito o que aprender". Mas por que não aprender já com eles?

Quando você aprende a andar, o mais velho já sabe pular corda. Quando você aprende a pular corda, o mais velho já sabe saltar com vara. O tempo coloca essa barreira.

Quando o mais velho olha para trás na linha do tempo, ele vê você o seguindo e
pensa estar vendo ele mesmo. Mas o tempo não volta. E ele vai querer te guiar para o caminho que ele sabe que é seguro.

Então você vai olhar no fundo dos olhos do mais velho e perguntar:

- O QUE NOS UNE?

Eles dizem que entendem. No entanto, parecem pálidos. Frios e distantes. De uma outra época. Eles dizem confiar em você. Porém, não deixam você fazer algo, porque têm medo que te aconteça algo ruim.

Eles dizem que entendem porque eles vêem em você, o que foram um dia. Não o que você é, de fato!

Eles dizem ter conhecimento e experiência de vida, mas nunca poderão entender seu mundo. Você é tão recente para você, quanto é para eles. Eles não podem ter anos de experiência sobre seu ser mais do que você mesmo. Eles podem ter conhecimento dos caminhos, das escolhas, do meio em que vivem, viveram, viram...

Eles dizem que confiam em você porque eles confiam neles mesmos.

Quado você mente, eles participam da mentira. Eles mentem também simulando acreditar. Isso vos une porque não é real. Não é uma realidade individual.

Por que mentiríamos se não pensássemos que as pessoas podem acreditar? É uma rede. Você precisa de um receptor. E a mentira é o código. E, independente do receptor, o código será quebrado. E aí sim, torna-se uma realidade individual. A mentira será interpretada, como qualquer mensagem. Uns podem acreditar, outros não. Esses momentos de ligação atendida e ligação perdida acontecem por M motivos: não é a mesma operadora; não é a mesma área; não é o mesmo número antigo...

Do outro lado está diferente.

Mas esses momentos de conexão caem de vez em quando, porque, de fato, não podemos estar em dois lugares ao mesmo tempo.

Mexer com o tempo é perigoso. Então quando questionamos algo que eles nunca questionaram na nossa idade, eles pensam se fará bem responder naquela hora. Afinal, eles aprenderam bem depois e deu certo, para que esclarecer aquela dúvida agora? E ficam com medo de mexerem "no passado". Eles não querem alterá-lo se assim for melhor para eles. Então não respondem. O que causa indignação ao mais novo que quer aprender um pouco mais sobre a vida com esses a quem intitulava "mestres".

Mas quando questionamos algo que eles gostariam que tivessem respondido para eles anos atrás, eles nos dizem, para "melhorar seu passado" e consequentemente "seu futuro".

Eles vão fazer o que acham certo, independente do que seja certo para você.
Então quando fazemos algo diferente do que os mais velhos faziam, eles ficam perplexos, como se estivessem se perdido no tempo por uma frações de segundos e os pensamentos tornam-se variados:

"Onde foi que EU errei?"

"Como EU não pensei nisso antes?"

"Não acredito que FIZ isso!"

"Que orgulho! Que gratificante!"

"Tudo que EU aprendi foi em vão?"

Eles esquecem que são outras vidas. Eles se transportam e tomam conta da situação.
Eles querem mudar o que nunca aconteceu. E querem continuar algo que nunca nem sequer chegou a começar. São outros passos.

Eles não querem revolucionar. Eles querem apenas melhorar e acreditar naquela mentira que pode unir instantaneamente o passado e o futuro no presente.

Eles esperam pelo dia em que os mais novos ficarão mais velhos para entendê-los. Mas talvez esse dia nunca chegue. Assim como talvez um dia ele chegue.

E os mais novos esperam pelo dia em que os mais velhos percebam que eles são vidas diferentes. Talvez esse dia chegue. Talvez não.

Eles lutarão contra o tempo para mostrar quem estava certo e quem estava errado. Mas o tempo não fará nada. Não deixará o silêncio falar sabiamente com gloriosa vitória àquele que teve de tudo para acreditar que estava certo e nem gritará rudemente ao que errou.

O que realmente fará alguma coisa são eles próprios, para mudar o tempo. O tempo não mudará eles. O tempo é só um limite que você tem para mudar alguma coisa.

Ninguém somente com o tempo mudará. Mudará se passarem por circunstâncias modificadoras DURANTE o tempo. O tempo é uma passagem.

E se estamos a apenas algumas gerações a ponto de ainda nos encontrarmos em vida e os mais velhos ainda acham que tudo está tão igual a ponto de se confundirem no tempo, será que já não é hora de mudar?

E quem fica encarregado de saber o que é certo e errado para a próxima geração?
E nesse meio tempo, quantas vidas que tinham de tudo para ajudar na próxima geração já não se perderam no tempo lutando contra ele? Quantas vidas já não SOFRERAM, já não "contaminaram" OUTROS?

E enquanto o passado e o presente continuarem tendo como conexão a mentira de que um tem que ter mais razão que o outro achando isso uma mentirinha inócua, é assim que vai ser. Apenas corrigindo seu passado que para outro é sua grande chance de futuro...

Há de se pensar o que te faz mestre e o que te faz aprendiz para que as gerações ensinem e aprendam umas com as outras.