quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011

Distrações e Um Anjo no Caminho

Hoje eu encontrei uma pessoa na rua (ou ela me encontrou?) muito simpática. Eu acabara de sair de uma prova e estava muito complexada porque havia sido reprovada. Levantei questionamentos bem deprimentes sobre mim mesma. Estava a flor da pele, com os olhos cheios de água, prestes a chorar...

De repente, um homem me aborda e começa a puxar papo. O cara devia ser bem loko para me seguir e puxar papo logo comigo que estava com a cara de um demônio faminto. Não sei como é a cara de um demônio faminto, mas se alguém faminto fica com cara feia, imagina um demônio.

Mas o que é um peido para quem está cagado, né? Sim, eu estava tão mal por não ter passado na tal prova que não estava nem me importando muito. Alguns minutos depois ele perguntou se eu queria tomar alguma coisa. Eu achei tão surreal que recusei e fui embora. Ele me deu um selinho.

Conforme vinha para a casa, pensava se não seria um anjo que apareceu quando eu mais precisei para dissolver os pensamentos ruins que eu estava tendo minutos antes. Vim a pé para casa para poder pensar mais sobre o assunto, que foi bem complexo na minha cabeça. Foi de estar distraída na vida e focada em coisas ruins à estar com a melhor cara possível para o imprevisível e as oportunidades da vida...

Quando cheguei, contei para o meu amigo, para meu irmão, para minha amiga, para minha mãe, para o meu pai, para o amigo da minha amiga, para a amiga do namorado do meu amigo e continuo contando para todos os conhecidos que vejo pela frente.
A reação vencedora dos meus ouvintes foi a de pensar que o sujeito com quem eu estava era um estuprador logo seguida de uma outra reação que foi me chamar de louca ou inconsequente.
A reação perdedora foi me chamar de louca e rir da situação.
Se a reação vencedora fosse a perdedora, eu acharia normal.
Eu não entendo o medo irracional das pessoas, a ideia de não confiar nos outros. Talvez eles sejam fãs da história da Chapeuzinho Vermelho.
Ter medo e ter cautela são coisas bem diferentes.
Ter medo é bloquear de todas as direções e lados. É aversão.
Ter cautela é bloquear apenas seus pontos fracos e deixando a mostra seus pontos fortes.
Espero nunca mais vê-lo para não estragar minha teoria de que era mesmo um anjo e me sentir especialmente protegida de alguma forma. Mas caso não seja e um dia eu venha a reencontrá-lo, espero estar preparada para aceitar um café.

"Quem tem medo, não está aperfeiçoado no amor"

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

O que é amizade?

Amizade é se preocupar.

Amizade é revirar os velhos tempos tentando buscar aquela pessoa que você amou tanto e que agora está tão distante, tão diferente. E mesmo assim, ligar para ela, mesmo que ela SEMPRE diga que está muito ocupada.

Amizade é se importar com o outro sem fazer drama maior. É entender que a distância é física e que o pensamento ultrapassa barreiras. É se reencontrar com alguém que não via a muitos anos e ficar triste por ter ficado sem jeito com esse alguém, pois agora ele é um estranho. É saber que ele sentiu isso também. E no final das contas, vocês ainda são amigos. Amigos distantes...

Amizade não é sentir falta do que fizeram juntos. Mas o que sonhava que poderiam ter feito juntos.

Amizade é conviver sem segredos, sem medo, com segurança, pois o amigo caído sabe que alguém o levantará e que cuidará dele até sarar. Amizade não é esperar sempre que as pessoas te segurem para que você não caia. Isso é egoísmo, isso é aprisionar. Amigos sabem que uns tombos irão te deixar mais esperto. “Eu te avisei, não foi?”

E alguns vão esperar até que você termine de chorar para ir embora. Uns vão embora ao início do choro porque tem que dormir cedo, para voltar amanhã com idéias frescas para te animar. Outros têm medo de não poder ajudar se estiver triste também. Aliás, esses mesmos choram sozinhos em casa. Oram sem ninguém saber.

Amizade é ficar triste quando seu amigo está caído e não pega na sua mão para levantar, mas pega na de outra. Mas não é ficar triste por ele não ter pego na SUA mão. É ficar triste por não saber quem é aquela outra mão e como ela vai ajudar seu amigo. E ter medo disso.

Amizade é pedir desculpas por invadir sua privacidade, mas nunca pedir desculpas por se importar com seu amigo.

Amizade não é ter medo de perder um amigo para outro. Amigo sabe que amizade tem que se multiplicar! Mas é ter medo de não poder entrar no seu mundo para ver o que está acontecendo, o que se passa com o seu amigo cada vez mais escondido.

Amizade é ver alguma coisa e pensar no seu amigo. E rir disso.

Amizade é ligar para um amigo no meio da noite depois de ter sonhado que ele estava em apuros. E é não ligar para não ter que ouvir um “VAI DORMIR, CARA!”, mas, daí, ficar se revirando e se torturando na cama sem que ele NUNCA saiba disso.

É participar de uma comemoração do seu amigo mesmo que você não esteja com vontade de sair. Mas vai só para ver seu amigo brilhar.

É inventar uma desculpa para não sair e sentir-se culpado. É desfazer a desculpa com uma mentira e dizer que pode sair sim, e estranhamente ainda se sentir culpado por ter mentido para ele.

É dizer o real motivo de não querer sair e ouvir um “tá” desanimado. E no outro dia receber outro convite do seu amigo. E mesmo que diga que não vai sair de novo, você sabe que ele vai te convidar mais tarde, e talvez ainda mais animado e simpático, para qualquer outra coisa, independente do que você diga. É querer a companhia do outro, mas não exigir.

É se arrepender de não ter procurado seu amigo em várias ocasiões, sentir que a amizade está ameaçada, colocar o nariz de palhaço e ir procurá-lo fazendo malabarismo para impressioná-lo e ver o quanto é importante a amizade de vocês. Mesmo que ele te vaie! “UHHHHH!”

É tirar o nariz de palhaço, limpar a crosta de maquiagem e então, magicamente, ser recebido com aplausos por não ter nada de especial, por estar com a cara limpa.

É dividir a mesma maquiagem e saber que ela fica melhor com o lápis marrom, assim como você fica melhor com o batom rosa. É tentar compartilhar o que se tem, mas se adorarem por serem diferentes. É assumir que está com ciúmes.

É dar indiretas para não ser indelicado e dar um sacode para ver se acorda.

É saber que todos têm defeitos e saber que isso não quer dizer que eles não tenham capacidade para amar sinceramente um amigo. E tampouco quer dizer que não são dignos de serem amados. É saber que todos têm um coração com buraquinhos.

Mas é ficar com raiva quando seu amigo usa essa desculpa para sair de fininho. É ficar com raiva não por ele estar sendo hipócrita, mas por ele não querer mudar e melhorar. É ficar triste e desesperado por ver ele se atolar aos poucos e recusar ajuda.

Amizade é segurança. Alguns amigos tentarão te consolar e não falarão do seu erro. Outros, mais possessivos e irritados por você não dar atenção as palavras deles, perguntaram com raiva “por que você não me ouviu? Agora vem chorar para cima de mim?”

Mas todos preocupados em perdê-los para sempre, todos com medo de que aquele amigo do peito se transforme num completo idiota, todos tensos por não poderem saber das suas necessidades e em como ajudar. Medo de não poder ouvir aquela voz nunca mais, um bordão só dele, o jeito como ri, não poder fazer um trocadilho ou contar uma piada só para fazê-lo rir, não poder compartilhar seus momentos de felicidade, nem os de desespero. É ter medo de se perder porque tem um pouco dele dentro de ti. É entrar em desespero quando ele não sente que tem um pouco de você dentro dele. Mas é ficar feliz caso ele esteja bem. Mesmo ele não sendo mais seu amigo. Amigo só de sua parte.

domingo, 6 de fevereiro de 2011

Chuva de Sorvete II

O correto seria dizer que chovia limão.
Tão ácido, tão gelado, tão refrescante, tão ardente.
Se chovesse morango estaria tudo no seu lugar novamente.
Se chovesse melancia, morreríamos.
Se fossem cocos, abririam.
Esperando uma chuva que não vem...
Que cai e molha
que evapora e vai embora.

sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Chuva de Sorvete

E todos queriam sair, pular,
correr, se libertar.
Estavam descansando em águas azuis.
Águas limpidas, águas frescas.
E isso era errado?
Ver as pessoas passarem,
sentadas nas paradas.

E chovia sorvete naquele dia.
O tempo indicava calor,
mas todos estavam gelados.
Como num circulo: ora quente, ora frio.

E a Terra girava.
E as pessoas lá dentro giravam por consequencia.
E assim como era normal para a Terra,
não era normal para eles.

Cada egoísta no seu caminho,
cada grupo acorrentado.
Cada passo dado fora da estrada indicava apocalipse.
Cada passo errado era um tempo sem tempo.

Cada giro era normal.
Cada passo anormal.
Cada inverno era um inferno.
E cada calor infernal era um paraíso tropical.

Não havia nada de fenomenal.
E a ignorância pura era normal.
Não havia capacidade de mudança.
Não havia inteligencia para se ter esperança.

Só havia nuvens.
Nuvens de sorvete.