terça-feira, 12 de abril de 2011

A História do Lápis Preto (Parte I)

Uma vez eu estava contando para uma professora do Jardim de Infância que quando as professoras me davam desenhos para serem pintados, eu imaginava as suas cores: uma moita da cor verde; um céu de cor azul... Botas eram marrons, cinzas ou pretas; gravatas eram pretas ou vermelhas.

Quando tínhamos que pintar algo que era branco (nuvens, dentes, partes da roupa do Papai Noel) eu usava branco. Ou não pintava (se o papel fosse branco, obviamente). Mas algumas professoras, eu lembro, diziam que o trabalho não estava pronto se não pintassemos todo o desenho. Talvez fosse para explorar nossa criatividade e potencial. Ou para não ficarmos sem fazer nada e cumprir a carga horária. Ou até mesmo por pensarem que seríamos futuros vagabundos, fazendo as coisas pela metade e sempre tentando sair de fininho de uma tarefa.

Eu particularmente, não gostava quando era obrigada a fazer alguma coisa que não me parecia ter sentido. Ainda não gosto. Mas "manda quem pode, obedece... quando é conveniente". E uma criança questionando nunca é apenas uma criança questionando para um adulto: é uma criança chata querendo dar uma de espertinha.

Mas voltando as cores: eu tentava então aproximar ao máximo aquela cor da realidade. Uma nuvem eu poderia pintar levemente de amarelo ou cinza. Eu era cuidadosa com as cores. Pintar não era só uma tarefa ou um simples passatempo. Era uma arte!, que tinha que ter mínimos detalhes. Eu lembro que quando um desenho tinha uma linha falha, eu criava uma linha. Porque aquilo não fazia nenhum sentido: alguém com camisa de manga comprida, mas sem gola, para diferenciar. E tinha gente que pintava de qualquer jeito. E eu me lembro que eu pensava: "tudo bem que eles façam isso, mas uma PROFESSORA???"

Então nunca entendi como alguém poderia pintar um coelho de roxo, em cima de um gramado azul, atrás de uma moita rosa, com um sol preto ao fundo. Era a coisa mais bizarra que eu via. E me lembro que me perguntava (e ainda me pergunto) o que diabos essas crianças têm na cabeça para pintar assim?

E que diabos os professores tinham na cabeça para aceitar aquilo? Estava horrível! A cor saia do desenho. A linha que era o limite, não era respeitada, e eu ficava indignada, porque eu tinha caprichado! Tudo bem que eu trocava meu desenho quando minha prima dizia que queria o meu para colocar o nome e entregar para a professora. Eu aceitava numa boa ficar com o dela porque eu sabia da verdade. Era o que importava. E caso alguém questionasse era só eu não trocar os desenhos da próxima vez para eles verem. Então, tudo bem. Se alguém acha meu desenho mais legal, eu devo encarar isso como um elogio, não com inveja, orgulho... E como a nota era igual para todo mundo, então, que se dane! o/

Bom, eu estava falando tudo isso para a professora uns dias atrás e ela me contou uma história: A História do Lápis Preto.

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