sábado, 30 de novembro de 2013

Adeus - Fim do Blog!

Andei relendo postagens antigas onde eu expunha minhas ideias e notei três tipos:
1.    Ideias que mudaram.
2.    Ideias que não mudaram.
3.    Ideias que foram aperfeiçoadas.
Eu queria pegar todos esses textos e modificá-los e formá-los em um só, tipo, uma linha do tempo, fazendo observações e tal. E talvez eu o faça. Acho interessante registrar essas mudanças de pensamento. O mundo tem registros da sua história para que não cometamos o erro de repeti-los caso venhamos a achar uma boa ideia, então por que não registrar a nossa história? Podemos observar mais tarde o que é subjetivo e o que não é e o porquê disso diminuindo, assim, as nossas duvidas e nos tornando mais seguros de nós mesmos.
Observei que, às vezes, escrevemos coisas que nem lembrávamos porque ao longo do tempo nossa mente se focou em outros pontos modificando nossa ideia inicial, alterando ou eliminando-a. Outras nos lembramos como se fosse ontem, por ainda estarmos questionando-as.
Então, temos aquelas ideias que já descartamos pela experiência de vida e outras que só confirmamos.
A ideia inicial é subjetiva, mas não consciente. Geralmente, é repudiar o “mal” e fazer ou outros repudiarem também (ter conhecimento da existência do “mal”). Depois passa a ser subjetiva e consciente, refletir sobre a complexidade com o qual as pessoas têm de lidar (questionar a origem do mal). Só então, vira objetiva, e aí sim a chance de solucionar e realizá-la é maior.
Percebemos que alguns problemas dependem da nossa forma de pensar e por isso não mais perderemos tempo atacando-os. Gastaremos nosso tempo e energia com problemas que independem da nossa interpretação e opinião. Problemas reais.
Antes meus questionamentos eram sobre paz e por que as pessoas tinham que ser tão más, sabendo que outras sofriam. Bastava apenas elas serem boas e tudo estaria resolvido, em harmonia com a Terra, a Natureza, o Universo... E tudo na vida era arte! Quem me conhece sabe que eu era bem “paz e amor”.
Hoje eu vejo que não é bem assim. Quer dizer, eu ainda sou “paz e amor”, mas com maior senso crítico. O que eu não entendo é como algumas pessoas mudaram para pior, porque a tendência é evoluir. Ou seja, será que esses meus registros não significam nada? A verdade é que a evolução também é subjetiva. Eu evoluí, mas não para fora. Para dentro. Pois ainda sou “paz e amor” e ainda desejo isso, mas não de um modo simplista.
E por isso vou abandonar o blog para escrever algo mais complexo que pode demorar anos: Um livro. E vou usar alguns textos daqui como base para a estória que terá um paralelo com a vida real da personagem com um conto de fadas que ela escreve.
Agradeço as visitas que vocês fizeram por aqui e o incentivo de cada um (seja para dizer que escrevo bem ou para dizer que não escrevo bem, mas que escrevo de forma divertida ou que não escrevo de forma divertida, mas que tenho conteúdo ou que não tenho conteúdo, mas pelo menos eu saí alfabetizada da escola ‘-‘) mesmo que hoje em dia a correria impeça de escrevermos e lermos nos blogs um dos outros como antigamente que havia comentários para serem lidos. Me senti Zooey Deschanel em “Sim, Senhor” agora, agradecendo a meia dúzia! Hahaha! Mas é isso. Foi essa meia dúzia que me incentivou ou que pelo menos me acompanhou a ponto de não me deixar enlouquecer com minhas ideias engasgadas na garganta. Então, muito obrigada e quem quiser pode dar uma olhada por aí porque não vou excluí-lo. Quero voltar daqui a alguns anos e lê-lo novamente... Ver o que foi subjetivo e o que foi objetivo, huehuehuehue!

Thanks, guys!

sexta-feira, 29 de novembro de 2013

Críticas a Mim Mesma [FIM] - O Resultado

Ufa! Que difícil admitir isso! Me sinto mais descontraída! :)
Então, recapitulando: Eu descobri que queria tanto tanto tanto a atenção daquela pessoa porque isso faria eu me sentir importante. Eu seria o interesse de alguém que acredito que só se interessa por coisas interessantes, logo, eu seria interessante. Mas houve uma pergunta - que não vou expôr aqui - que me fez dar a seguinte resposta:

"Me incomoda porque eu o amo, e ele sendo indiferente comigo significa que meu amor, que é a coisa mais preciosa que um ser humano poder ter, o amor próprio, não é o suficiente. é como dizer para uma vida que ela não tem sentido, que ela já pode ir embora da terra porque o que ela tem de tão precioso, que é o amor, não está valendo muita coisa."

Quando eu li essa minha resposta fiquei um tanto horrorizada. Meu amor estava com defeito. Aquela resposta não estava muito com cara de amor porque se eu o amasse eu ficaria genuinamente feliz por ele, respeitaria a época de amizade que vivemos, respeitaria a vida que ele decidiu seguir, e respeitaria a minha vida! A vida que eu estava levando, que eu decidi levar.

E as pessoas notam quando não nos respeitamos, quando nos deixamos a deriva, quando estamos infelizes. E se quem nota isso for uma pessoa boa e decente, ela vai acabar se afastando da gente. E se for uma pessoa má, ela vai se aproveitar e nos desrespeitar mais ainda. As pessoas boas e decentes deveriam ficar conosco e nos ajudar? Eu acredito que elas sempre tentam. Mas se não nos respeitamos, se estamos insatisfeitos com nossa vida e não fazemos nada para mudar, acabamos nos tornando pessoas tóxicas. E elas fazem muito bem em se afastar. Não nos afastamos de gente babaca? Por que elas não se afastariam?

Notei que eu estava sendo uma pessoa tóxica e mesquinha e deveria me perguntar mais vezes o que me deixava triste e feliz. Sim, feliz também. O exercício é para qualquer sentimento intenso, não só os ruins. Eu ficava feliz quando a tal pessoa vinha falar comigo, o dia ficava até mais colorido, mas eu ficava feliz porque tinha meu ego massageado por ela ter me dado atenção e não por ela ter falado alguma coisa que me acrescentou em algo. Então era um péssimo motivo para ficar feliz. E acredito que o que nos motiva diz muito mais a respeito de nós mesmos do que o que fazemos.

Por exemplo: Harry Potter!

[MOMENTO DISPERSÃO]
Me aproximei de pessoas não tão legais por elas gostarem de algo que eu também gostava. Tínhamos o mesmo interesse! Quando conhecemos alguém que gosta de algo que também gostamos temos a sensação de que somos super iguais! Daí você vai ver, a pessoa é da Sonserina, você é da Corvinal. Ela tem uma tatuagem da Marca Negra, você tem uma tatuagem do Pomo de Ouro. Ela detesta a personagem tal e você a ama... Quer dizer, dentro do universo de Harry Potter, vocês tomam caminhos diferentes. Eu me interessei por Harry Potter por um motivo e pessoa por outro. O interesse podia ser o mesmo, mas os motivos não.

Eu sei, não se faz amizade com alguém só porque a pessoa ama hambúrguer e você também. Mas na época isso não estava tão claro para mim, até porque adolescentes sempre querem se encaixar em algum lugar e eu não fugia a regra. Claro, nunca fui do tipo que tentava me encaixar em qualquer grupo a todo custo, tinha meus princípios e preferia andar só a ter que traí-los. Mas encontrar finalmente pessoas que gostavam das mesmas coisas que eu foi ótimo! Quando isso acontece corremos o risco de nos apegar e quebrar a cara.
[/MOMENTO DISPERSÃO]

Então me apeguei em algumas pessoas sim e coloquei muita expectativa nelas. Porque quando admiramos muito alguém acabamos caindo nessa armadilha de que a pessoa é a tal e que precisamos da aprovação dela para estarmos nos padrões elevados dela e metemos os pés pelas mãos e, querendo essa aprovação, acabamos nos magoando porque a pessoa é tão normal quanto nós e nós tão capazes quanto ela. E assim as coisas ficaram mais saudáveis para mim: quando notei que a tal pessoa poderia ser alguém que eu poderia aproveitar muita coisa se parasse com essa ideia de que eu tinha que ser interessante para ela. Eu me liguei que poderia crescer com isso e que naturalmente, crescendo, ficaria mais interessante porque alguém que se coloca para baixo, por mais que tenha coisas interessantes acontecendo em sua cabeça, se não colocar para fora, em prática, não fará diferença.

O que me doía na convivência com essa pessoa era que eu tinha a expectativa de que um dia ela veria quão "foda" eu era e que ela só não dava a devida atenção que eu achava ser merecedora porque ela não tinha notado ainda. Olha a cabeça da louca! O que eu faço da minha vida que é tããão especial a ponto que ela escolha dar atenção a mim ao invés dos outros? Eu não sou uma alma desencarnada no Universo para que a pessoa se apaixone apenas pela minha mente, meu espírito. Eu não sou uma bola de luz, não morri ainda. Eu estou na Terra, num plano material, que precisa de atitudes físicas! E me perguntei "o que faço de bom?" e a resposta foi "eu não faço nada".

Todos temos um potencial dentro da gente, sabemos no que somos bons e esperamos que os outros enxerguem isso magicamente  em nós. "Ah, mas eu sou uma boa pessoa"... Mas ser boa pessoa não basta. Quantos "cidadãos de bem" tem por aí? Era quase o mesmo argumento que eu dava pra mim mesma. Eu não quero ser cidadã de bem, que não mata e não rouba. Quero ser mais que isso. Não matar e não roubar é o básico. Eu não quero mais ser o básico. Então decidi que ia me desapegar dessa vaidade porque temos um medo de nos ferrarmos e dos outros nos criticarmos, de tomarmos uma decisão errada, parece que não podemos errar nunca! Temos um pavor de tomar no cu, que minha nossa!

Mas acho que esse exercício funcionou para mim porque:

1. Não era alguém falando aquelas coisas para mim, então eu não precisei ficar na defensiva, pude responder honestamente.

2. Meus questionamentos eram o porquê de EU ME SENTIR como eu me sentia em determinadas situações.

E enfim, temos que parar de ter medo de tomar no cu!

[MOMENTO BAIXARIA]
As pessoas tem medo de tomar no cu porque não sabem tomar no cu! Quando tu sabe tomar no cu, a experiência fica leve e prazerosa. Quando tu não sabe tomar no cu, assa e dói. Então a pergunta que temos que fazer não é "será que vou tomar no cu?" e sim "como faço para que não doa quando eu tomar no cu?" porque, meus amigos, no cu, todo mundo vai tomar! Mais cedo ou mais tarde. O problema é a vaidade das pessoas, elas querem tomar no cu de forma bonita!

Sim, isso ainda é uma analogia para se ferrar, fazer escolhas ruins. Espera que tem mais!

É por isso que dói! A pessoa não tá relaxada, não tá fazendo só por ser prazeroso e sim se vai ficar esteticamente aceitável pra quem estiver vendo, então a pessoa fica pensando que posição ela tem que ficar para não aparecer a celulite ou a estria, mas ao mesmo tempo tem que esticar o pescoço pra não aparecer a papada, e tem que ficar desconfortavelmente curvada para realçar a cintura e o cabelo não pode estar bagunçado... E aí a gente não curte a vida, não desfruta nem aproveita porque os outros podem achar feio a gente tomando no cu. Mas se estivermos relaxados e não ligando pro que os outros vão pensar caso a gente acabe tomando no cu, acaba sendo uma experiencia boa. Se o nosso foco for curtir a experiencia e não ficar pensando "será que vão achar feio o que estou fazendo?", "será que vão criticar minhas escolhas caso eu tome no cu?" não vai ser nem um pouco desconfortável. Se criticarem, agradeça a preocupação. Fim. Não é um bicho de sete-cabeças. E se nos se enganarmos com as pessoas e com as escolhas, nos enganamos e pronto! Então vivamos a vida e tomemos no cu quantas vezes forem necessárias! \o/

quinta-feira, 28 de novembro de 2013

Críticas a Mim Mesma [PARTE III] - O EXERCÍCIO

Vou dar um exemplo de como é o exercício que fiz. Você questiona o que sente e responde. Depois questiona a resposta que deu e responde. E assim sucessivamente. Sempre focando no porquê de você se sentir assim.

Por que ME INCOMODA que fulano me ignore?

Observado? A pergunta não foi "por que fulano me ignora?" e sim "por que EU ME INCOMODO com isso?"

Porque se ele age com indiferença, quer dizer que não sou importante para ele.

Por que não ser importante para ele me incomoda?
Porque ele é inteligente e dedica atenção e tempo a coisas interessantes.

Por que ele se dedicar a outras coisas e não a mim me incomoda?
Porque isso significa que eu não sou interessante para alguém que acredito só se dedicar a coisas interessantes.

Por que ser objeto de interesse dele é importante para mim?
Porque me elevaria na mesma posição dele, faria eu me sentir tão especial quanto ele.

E o que ele tem de tão especial para mim?
É interessante, focado, segue seus sonhos, não se deixa levar por conversas mesquinhas e supérfluas só para ter o ego massageado.

Se isso o torna interessante por que não admirar e se espelhar no comportamento dele ao invés de querer que ele se interesse por algo que não é do interesse dele e acabe desviando do seu foco?
Se ele apenas se interessar por mim eu não terei que fazer esforço para ser interessante. Mas de fato, se eu me tornar uma pessoa focada, que segue meus sonhos e não me deixa levar pelo meu ego, crescerei mais rapidamente e não precisarei da aprovação dele porque estarei segura de mim.

Esse foi apenas um trechinho para exemplificar bem o exercício. Caso não tenha ficado claro, explico: as pessoas são um espelho! Quando não conseguimos enxergar nossa imagem claramente pensamos que o espelho está sujo e embaçado. Então queremos limpá-lo, consertá-lo, quando na verdade somos nós que estamos embaçados, confusos de se entender e o espelho está refletindo exatamente isso, que estamos confusos. O problema com alguma pessoa na verdade é apenas a ponta do iceberg de um problema muito mais profundo que temos com nós mesmos. Eu jurava que ele me tirava a paz por não atender minha expectativas quando na verdade eu me tirava a paz por ser insegura e, de certa forma, covarde. E me sentia assim por ter o ego frágil.

quarta-feira, 27 de novembro de 2013

Críticas a Mim Mesma [PARTE II] - SENTIMENTOS

Meu ego ressurgiu das cinzas como fênix. Eu poderia jurar que já estava curada desse mal. Mas aprendi mais uma coisa: ego é como gripe, por isso temos que nos vacinar todos os anos antes que ele nos pegue novamente!

Eu estava cheia de pensamentos e sentimentos ruins, então chamei minha velha amiga, a Escrita, e comecei a colocar tudo para fora. Dizem que é bom você registrar e descrever os sentimentos quando eles estão intensos para depois, sóbrio emocionalmente, poder avaliar melhor a forma como sente as coisas com intensidade e analisar se é saudável ou doentio.

O que mais define uma pessoa, na minha opinião, é a forma como ela sente as coisas muito mais como ela pensa e se manifesta. Porque ideias são facilmente aceitáveis quando convincentes, apresentando bons argumentos. E a forma como nos manifestamos pode ser - e quase sempre é - interpretada de maneira errada. Fica difícil definir alguém por conta disso. Não que eu acredite em uma definição absoluta, mas chegamos mais perto do caráter de uma pessoa quando sabemos como ela sente as coisas ao seu redor.

Eu estava tendo sentimentos intensos por algumas pessoas, sentimentos que me perturbavam, que estavam passando a controlar meus pensamentos e minhas ações, que me corroíam. E comecei a cansar de me SENTIR assim. Essa é a palavra-chave. Então peguei um papel e deixei vazar...

Todos conhecem o exercício de falar consigo mesmo para obter algumas respostas, certo? Eu já tentei fazer isso uma vez, mas não obtive sucesso. Eu peguei o caderno, uma caneta e fui questionando algumas coisas como, por exemplo, "por que fulano me ignora?", "por que as coisas acontecem assim comigo?", "por que beltrana não gosta de mim?" e não conseguia passar para a próxima etapa do exercício, ficava estagnada, não conseguia responder. Claro, eu estava fazendo as perguntas erradas! Como eu poderia dar respostas que dependia de outras pessoas? Aquilo não tinha a ver comigo, tinha a ver com elas! Elas é que deviam que se perguntar o porquê de não irem com a minha cara, de me ignorarem ou de fazer certas coisas comigo que eu julgava injusto. A única coisa que cabia a mim era perguntar o porquê de aquilo mexer comigo. Por que EU me SENTIA daquela forma diante de uma tal situação? A pergunta passou a colocar eu como a responsável da situação, não era mais uma pergunta vitimista, onde as coisas acontecem comigo que, coitadinha, não fiz nada de mal para ninguém. A pergunta cobrava de mim! Então pude responder corretamente. E fiquei envergonhada das minhas respostas. Não vou publicar tudo porque realmente me deu bastante vergonha, quase fiquei com nojo de mim. Eu não sabia que eu era tão egocêntrica e narcisista!

Se alguém está estressado com algo e não aguenta mais se sentir assim, faça esse exercício. O processo é desagradável, mas o resultado é ótimo. É como cavar para encontrar um tesouro, mas quanto mais você cava, mais minhocas e vermes aparecem. Mas temos que deixar a vaidade de lado e seguir cavando.

No jainismo dizem que o principal desapego que temos que ter é o da vaidade - não de aparência, mas do que os outros vão pensar de nós se agirmos de tal jeito - porque ele é o rei dos outros apegos. Se desapegarmos da nossa vaidade teremos um vida mais leve, conseguiremos fazer coisas que queríamos, mas tínhamos vergonha e não faremos coisas que fazíamos mais para os outros do que para nós mesmos. Estaremos focados em CRESCER, não em fingir que estamos crescendo, com saltos e outros truques. Porque todos notam quando uma criança está brincando de andar de salto. É visível. E se formos crianças com saltos a possibilidade de torcermos o pé é muito alta. Outra analogia seria limpar a casa estando vestida de gala para impressionar os outros. Ou você faz o que tem que ser feito ou você se foca em impressionar os outros.

Temos que sujar nossa vaidade mesmo se quisermos atingir nossos objetivos.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Críticas a Mim Mesma [PARTE I] - A Escrita

Faz tempo que não escrevo. Sim, há uma postagem recente, mas a data de publicação não revela a data de criação, só revela quando eu decidi tornar público. É bom lembrarem disso.

Escrever sempre foi uma terapia para mim. Talvez por eu ser uma pessoa muito tímida, não conseguia me abrir com as pessoas e tinha um certo receio de alguma aproximação, vi na escrita e na leitura o passaporte para minha liberdade e independência: eu poderia aprender várias coisas sem precisar ter contato direto com pessoas e poderia criar e falar o que eu quisesse sem ser interrompida ou criticada. Pessoas tímidas morrem de medo de serem criticadas...

Não escrevo por ser uma pessoa super criativa. Escrevo porque preciso colocar alguns sentimentos para fora. Algumas vezes em forma de poema, outras em forma de conto, às vezes em forma de roteiro, mas quem vence são as crônicas: são mais diretas, mais claras, não tem entrelinhas.

Sinto saudade de escrever poemas ou contos porque me remete a uma época mais simples da minha vida, onde eu não era responsável pelos meus atos, em que eu era mais jovem, com mais expectativas, mais sonhadora, mais medrosa e, consequentemente, mais misteriosa. Eu inventava artifícios e jogos de palavras para expressar sentimentos e ideias que não ficassem tão claros, pois morria de medo de um sentimento ser expressado claramente e as pessoas o criticarem. Com mistério eu pelo menos teria dos outros o benefício da dúvida, se eu era uma pessoa muito profunda e sábia ou só uma louca que tem sentimentos e ideias absurdas. Eu me escondia atrás do lápis, atrás das folhas.

Hoje eu não me importo em escrever o que sinto. Porque aprendi que críticas fazem parte e que não escrevo para ter aprovação dos outros, mas sim para ter minha aprovação, para me entender melhor, reler o que escrevi e pensar "mandei bem, que orgulho, quero ser você quando eu crescer!" ou "que porcaria, eu devo estar com algum problema mais grave para ter escrito uma idiotice dessas".

Sim, com o tempo algumas preocupações deixam de ser o fim do mundo. Meu ego de me fazer entender para ter aprovação dos outros foi diminuindo e consequentemente a minha timidez também. Mas sei que quando eu precisar, a Escrita estará aqui... E esses dias eu precisei.

segunda-feira, 25 de novembro de 2013

Melhores2 Amigos2

Noto que há muitas dicas como estas (clique AQUI para ler) borbulhando por aí. Bah, com tantas dicas na internet, revistas, televisão e tudo o mais as pessoas não aprenderam ainda a serem felizes com seus cônjuges? Fora as dicas que diz que “todo homem gosta de...” ou “toda mulher odeia...” e que generalizam os gêneros, o que vemos são dicas sugerindo mais intimidade.

Não me incomoda ver as pessoas tendo noção de que um casal precisa ter intimidade, cumplicidade, ser melhores amigos... Mas me incomoda ainda terem que dar dicas disso para um relacionamento sério! Afff! Ser amigo da pessoa é fundamental para querer dividir sua vida com ela! Imagina dividir sua única existência na Terra com alguém que você não conta segredos, não se abre, trata como se fosse uma relação formal... Imagina ter um filho, uma criatura que será criada e educada por uma pessoa, com quem você não confia tanto assim para se mostrar de verdade.

É, você não conta seu maior sonho para ela, pois pensa que ela acabará estragando-o ou debochando dele, mas confia a vida de um ser humano nas mãos de alguém que pensa que poderá estragar seus sonhos. Mas, bah... A vida de um ser humano não tá valendo nem um sonho, hein!? Tá baratinho a vida de um ser humano!

Uma cambada de gente tem amizades de mais de 20 anos! Então não me venham com lero-lero de que é assim mesmo, as relações esfriam e não há nada que se possa fazer, a rotina estraga relações, os deveres nos distanciam e bla bla bla! Se uma amizade  pode sobre sobreviver a isso o que dirá de uma amizade que mora com você!

Ah, mas é esse o problema... Muitos casais não são amigos. Atuam numa discussão, atuam na frente dos outros, atuam até na cama! Não são sinceros um com o outro.

“Ah, mas tu acha que o parceiro tem que contar tudo pro outro?”

Sim, ué! Tá com medo de quê? Quem não deve não teme e você SABE muito bem que se não quer contar é porque alguma coisa teme. O que é? Você é procurado pela polícia em dezessete estados?  É tão grave assim, meu Deus? Que foi? Teu universo é tão desinteressante a ponto de querer poupá-lo de ouvir o tédio que é você? Ué, mas não é o que você faz com seus melhores amigos? Como assim “é diferente”? Então o seu cônjuge não é um dos seus melhores amigos? Você perdeu o juízo de dividir sua casa com alguém qualquer que você dorme, divide umas contas, uns filmes quando não tem nada para fazer e nada mais? Ei, pessoa, você está num relacionamento por pressão social! Seja bem-vinda! Não, na verdade, não seja bem-vinda. Nem fique! Caia fora! Xô, galinha!

Essa pressão acontece de maneira básica: Tu se apaixona pela criatura, mas não quer perdê-la. Num ato falho diz que a ama. Vai que com o passar do tempo você acredite que ama mesmo, né? Se der certo, deu. Se não, fodeu. E se não der certo quatro vezes, four-deu.

E pior, se você disse “eu te amo” forçado, não tem como voltar atrás. Agora é só seguir em frente e rezar para que seu cônjuge não descubra essa vergonha que é ser um ser dotado de dúvidas, questionamentos, medos e erros... Um ser humano igual a ele, veja só! Deus te livre disso, né, amigo? Imagina! Você amaldiçoou o amor, agora terá que pagar com saaaaaaangue!! MUAHAUHAUHAUHAUHUAHUAHUAHUHAUHAUHA!

“Ai, não é assim também, Érica... Não exagera!”

Ah, claro que não. Mas a maioria que conheço decidiu “dar uma chance porque essa pessoa me ama e é legal comigo, então vai que... né?”.
Né?

Né que as pessoas estão num relacionamento só porque o outro quis. Porque elas tentaram conversar sobre não apressar e receberam um “então adeus”. E como casar e ter filhos é um curso natural da vida, então... né? Ah, que custa... Vamos ver no que dá.

Veja bem, não estou dizendo que as pessoas têm que ter medo da vida e esperar “o príncipe encantado” ou “a princesa real”, mas vamos combinar que quando você ama alguém você não tem medo! Pense em todas as pessoas que você ama, todas! Então, você se sente seguro com eles? Então por que não se sente seguro com seu cônjuge?

Não tenha medo de voltar atrás. Não diga “sim” como se estivesse no altar para oferecer sacrifício. Não pense que você é tão desprezível que seu cônjuge não merece te conhecer melhor. E não, você não é uma má pessoa por sonhar e imaginar como será o futuro de vocês. Todos que estão apaixonados fazem isso. Às vezes fazemos isso até com amigos! Imaginamos como seriam nossas vidas com essas pessoas... Então, não, se você voltar atrás você não estará traindo seu cônjuge, nem abandonando seus filhos que nem nasceram, nem largando o alto cargo que você sonhou que teria no futuro. Imaginar possibilidades e falar delas é humano. Vai na fé. Não se apegue ao “se eu tivesse tido filhos, como seriam, onde estaríamos morando agora, o que teríamos construído juntos?” que eu sei que você não chuta o balde por causa dessa psicologia barata. Nenhum amigo se ofenderia diante de tais possibilidades.

Aliás, é só reparar que não chove tantas dicas assim para a amizade. “20 dicas para manter a amizade”, “7 coisas que esfriam a amizade depois de um tempo”. Bem, claro que algumas amizades acabam se desfazendo, mas as empresas não lucram com algo que não nos disseram que era para sempre. Nossa decepção e procura por ajuda sobre relacionamento amoroso é justamente porque há toda uma mentira em torno disso: é sublime, é eterno, um completa o outro, esse é o sentido da vida e quem não sente isso está desperdiçando e jogando a vida fora, não está fazendo história na Terra, é um amontoado de células, um lixo humano que não conhece a felicidade e tem medo de viver um grande amor porque é covarde, fraco e... Bitch, please! Começou com uma coisa sublime e terminou te chamando de lixo só porque você não acreditou nesse lero-lero. As pessoas ficam hostis quando você sugere que a vida delas é baseada em argumentos falhos:
1.Ninguém completa ninguém: Não somos incompletos e por isso não precisamos de alguém totalmente oposto para que nossa vida seja equilibrada. Lembre-se de algo que você odeia no seu cônjuge e veja que isso não te agrega nem te completa em nada!

2
Parabéns, você é o único ser humano que conseguiu desvendar o sentido da vida! Fome, violência, tristezas e todas essas coisas não existiriam se as pessoas casassem! Tem mais é que sofrer mesmo! Como ousam desafiar o sentido da vida? Pfff!

3. Faça história na Terra! Case e tenha filhos e viva em função disso! Passe seus genes adiante! Deixe os problemas sociais para pessoas desocupadas e mal amadas que nunca encontraram o amor e estão perdidas por aí, usando sua solteirice para pensar... Lembre-se: Quem pensa, não casa!

4. Não seja covarde, fraco! Mergulhe de cabeça num relacionamento e diga que ama seu parceiro mesmo que não o ame! Você precisa viver esse graaaande amooooor... Deixa de ser maricas!

Pois é, não existem tantas dicas assim para amizade porque amigos se respeitam muito mais que um relacionamento “imposto”.  Se um casal não é amigo, nem todas as dicas do mundo vão ajudar.

Eu já ouvi gente dizer “eu te amo, mas não tenho obrigação de falar contigo todos os dias”! Só que falava com os mesmos amigos todos os dias. Então a desculpa do mau humor não é válida. Se você trata com grosseria as pessoas só porque está de mau humor, então você vai tratar todas as pessoas de maneira grosseira, uma vez que depende unicamente do seu humor. Não vai ficar escolhendo a vítima. Se você a escolhe é porque você está descontando alguma frustração que tem com ela, mas que não tem coragem de dizer.

Eu já ouvi gente dizer que ama sim a outra pessoa, que ela é a razão da vida dela e tal...

Tenho duas coisas a dizer sobre isso. A primeira é que essa linda frase já foi dita por vários assassinos que disseram isso e, se a vítima aceitou, ele foi um doce... Mas que se ela recusou ele disse horrores para a coitada. A segunda é que se fosse realmente a razão da sua vida, você não teria pensado que outra coisa era mais importante. Ama a pessoa com todas as forças, morreria por ela, iria até o fim do mundo por ela... Mas não iria até a cozinha levar o copo que sujou. Menos hipocrisia que essa não cola e quando cola é por pura pressão de “ah, mas dê outra chance, ele é tão legal”...

Hahahahahaha! A gente não casa com as pessoas só porque são legais! Se não eu estaria casada com minhas amigas de escola, meus amigos de infância, meus colegas de curso... Não temos obrigação nenhuma de darmos chance só porque a pessoa é legal ou boazinha. Se fosse tão legal assim não teria sido alvo da nossa rejeição alguma vez.

Mas ai da gente se não dermos uma segunda chance. Aí nós somos radicais, pessoas más e cruéis que não se deve confiar. É, nós é que somos as pessoas que não se devem confiar não quem mentiu que te amava ou que ficou com você por pressão ou pena. É, como somos pessoas más...

O engraçado mesmo é que quando tu sugere terminar o relacionamento, tudo aquilo que a outra pessoa defendia como a mais pura e imutável verdade absoluta do universo, de repente pode ser mudado. Ah, por favor! Esse papinho de perdoar o outro porque a pessoa é mais importante do que estar certo não cola. Se a pessoa quer viver num mundo enclausurado onde o companheiro não pode ter voz porque vai ficar magoada, azar! Quem tá certo, tá certo. Lide com isso! Amigos de anos e anos lidam com isso... Ah, esqueci! Vocês não são melhores amigos, né? Ah, tá, podem se matar então ou fingir que está com a pessoa porque ama muito ela (apesar de ela não ser sua melhor amiga rsrs).

Fica uma reflexão que certa vez eu disse para uma pessoa:

“Tu falaria isso que tu tá me falando nesse tom para tua mãe [figura que a pessoa respeitava muito]? Respeito é para todo mundo, não para um tipo de relacionamento. Se tu não falaria isso para ela por respeito, o que eu devo pensar quando tu fala isso para mim? Que tu não me respeita?”


Regra básica! Não tem essa de namorado x amigo. A pessoa que você está TEM que ser sua melhor amiga! Se não for, não comece um relacionamento nem diga que a ama. Vá ser feliz e para de avacalhar com a sua vida e com a do outro.

domingo, 24 de novembro de 2013

Sobre Boas Intenções...

“A amorosidade sem competência é mera boa intenção” (Mário Sérgio Cortella)

sexta-feira, 22 de novembro de 2013

Infância - O bonzinho e O mauzinho

Geralmente pais não ensinam que as pessoas mudam. Eles ensinam que as pessoas crescem, mas não que mudam. Ensinam que o fulano é bom e beltrano é mal. Ensinam as crianças a ignorar quem as faz mal e manter por perto quem as faz bem com a frase “ame quem te ama” que é tão difundida quanto equivocada, pois:
1. Se alguém está dizendo quem você tem que amar, já deixa de ter algo fundamental para que seja amor: liberdade.
2. A frase te conforta com o amor de alguém que já te ama e te ordena a amar igualmente esse alguém. Para quê amar pessoas estranhas? Fique no seu mundinho que vai ficar tudo bem.
3. É contraditório, pois se você ama alguém, esse alguém terá que te amar, porque você o ama e ele tem que amar quem ama ele. Mas você não pode amá-lo porque você só pode amar quem te ama e ele não te ama. Então nem perca tempo investindo.

E ainda dizem que isso é amor verdadeiro. Isso é simplista, uma falsa dicotomia: verdadeiro ou falso. Claro, isso se tratando de pessoas. Pessoas são mutáveis!

Pais não costumam ensinar as crianças que pessoas mudam, mas ensinam quem são os bons e os maus como se já conhecessem todas as complexidades de todas as pessoas do mundo! Surgem com o discurso de que “eu tenho o dobro/triplo na sua idade e sei de tudo, seu pirralho”, inconscientemente, obrigando o filho a depender de uma única fonte de sabedoria. Ou aquele outro discurso de “não interessa, eu que mando” ensinado-o a não questionar uma autoridade, seguir uma hierarquia, mesmo que não faça sentido. É sério que tem pai que quer isso para o filho? Um ignorante que não questiona só porque é uma autoridade?

Isso resulta na incapacidade das crianças de analisarem mais friamente as pessoas, entendê-las e não julgá-las. O dicionário tem muitas páginas por algum motivo: Está cheio de palavras que definem as coisas. Deixe-me dar um exemplo:

Chamam uma pessoa que foi pega na mentira de mentirosa, mas todas as pessoas mentem, nem que seja para encobrir uma festa surpresa. Não há como definir mentirosos de verdade dos mentirosos de mentira porque a mentira é uma ação, não uma característica. Ninguém nasce mentiroso ou é mentiroso 24h por dia. Mas então por que as pessoas mentem? Pensando nas diversas respostas possíveis notaremos uma coisa em comum entre elas: medo.

Ou seja, há uma palavra para definir a atitude dessa pessoa. Ela não é má, mentirosa, serpente, naja, maquiavélica... Ela só está com medo e, no máximo, tem baixa autoestima o suficiente para acreditar que a verdade nunca será o bastante.

Ou chamar uma pessoa que não está satisfeita com a vida que tem e aspira por mais de interesseira.

Sem delongas a cerca de exemplos (penso que a ideia já ficou clara), não existe pessoas imutáveis. Mas as pessoas sempre quererem tachar algo de mau, sempre querem inventar mais um termo pejorativo, já não bastasse os tantos que conhecemos. Parece que nunca estão satisfeitas com o ódio que têm que precisam criar novas formas de odiar.

Há uma quantidade absurda de jovens que têm medo de mudarem de ideia porque isso significaria “trair seus princípios” (não é como se um jovem tivesse certezas absolutas a ponto de pensar que é possível “se trair”), pois apenas coisas podem ser mudadas, atualizadas e descartadas. E a realidade é bem outra: pessoas chegam de um jeito, se transformam e partem de outro jeito. E devemos deixá-las partir sem rancor, sem apego, sem chantagens.

Essa ideia de que pessoas são imutáveis faz com que os jovens entrem em conflito consigo mesmos, pois até ontem estava definido que eles eram crianças boazinhas e, do nada, precisam lidar com uma nova definição: “aborrecentes”. Mas eles não foram educados para lidarem com novas definições ao mesmo tempo em que foram educados para aceitarem definições simplistas. Então ficam naquele dilema de tentar provar que ainda se encaixam na definição de bonzinhos ao mesmo tempo em que não existem flexibilidade e complexidade nas definições e se estão dizendo que todo adolescente é pentelho, então deve ser.


Não são os jovens que naturalmente fazem besteiras. São os pais que os ensinam que jovens só fazem besteira porque no momento em que isso fica pré-estabelecido, os pais não precisam mudar em nada seu modelo de educação. Alguns, inclusive, se ofendem com essa sugestão, esquecendo que são pessoas suscetíveis a erros também. Se colocam num pedestal para que não sejam refutados pelos filhos e dizem que é natural.

Ao contrário do que dizem, pais e filhos não são “todos iguais, só muda o endereço”. Os modelos de educação é que são “todos iguais, só muda o endereço”. Então é só mudar esse modelo.

A não ser, é claro, que se ache normal adultos vivendo intrigas e estresses, tentando, incansavelmente, se provar a todo instante, se apegando cada vez mais às suas próprias ignorâncias, não solucionado os problemas, mas naturalizando-os para que ninguém conteste suas infelicidades.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Infância - Fase Provisória?

Um grande erro dos pais/responsáveis é não ensinar os filhos a discursarem, argumentarem e contra-argumentarem, nem a olharem os dois lados de uma moeda. Porque é rápido, prático e uma medida provisória, eu entendo. Mas há um “porém”.
Sabendo que um ser humano absorve tudo durante a infância, como uma esponja nova, e depois trabalha apenas com o material já absorvido, como que uma fase de desenvolvimento pode ser encarada como provisória?
Muitos pais bem intencionados pregam a juventude como provisória: Pais que não querem um filho com síndrome de Peter Pan, já começam a nos dizer para aproveitarmos esse tempo bom que não volta NUNCA MAIS porque depois virá o “resto da sua vida”, a fase das obrigações. Ou seja, eles mesmos colocam um véu entre uma fase e outra e dizendo que a fase de obrigações é a definitiva (“o resto da sua vida”) e a infância provisória. O resultado desse discurso difundido? Adultos frustrados, insatisfeitos com suas vidas porque aprenderam que o tempo de sonhar deles, já passou. Agora é fazer ou não fazer e tem que acertar de primeira porque o mundo é injusto, cruel, sujo... Quase a casa do capiroto!
Alguns até dizem que é coisa da idade, numa tentativa de naturalizar a situação, a fim de tirarem de si mesmos a responsabilidade de sua incompetência. Quantos de nós já dissemos (e ouvimos) que queríamos ajudar os animais de rua, montar um abrigo para pobres, fundar uma ONG e até agora nada, nem sabemos por onde começar? Imaginem se todas essas pessoas com boas intenções tivessem atitude, conhecimento, empatia! Não é coincidência demais termos esses desejos vivos nos nossos corações, mas não termos tido nenhum conhecimento ou nenhuma lembrança de visitas regulares à asilos, orfanatos ou abrigos durante a infância? Não é coincidência demais termos desejos de revolução em nossos corações, mas não termos nenhum conhecimento ou nenhuma lembrança de conversas sobre a política no país durante nossa "fase provisória", onde o lazer é prioridade e nossas únicas obrigações são os deveres de casa, não aprendendo nada sobre os deveres para com a sociedade?
E quem ainda pensar que essa crítica à "fase provisória" é exagerada pode sempre se perguntar por que, mesmo com tantas pessoas de bem, o mundo anda tão mal.

terça-feira, 17 de setembro de 2013

Goosfraba

A primeira vez que vi o filme “Tratamento de Choque” foi quando eu tinha 12 ou 13 anos e apesar de algumas cenas engraçadas, no final dele fiquei com aquela sensação de “que perda de tempo, o personagem não precisava passar por esse estresse todo”.

Não vou me delongar sobre filmes em particular, mas sobre esses tratamentos e minha visão antiga e atual sobre isso, só para comparar e deixar registrada minhas mudanças, afinal, meu blog não é de críticas de cinema, né? Rsrs.

Sempre parti do princípio que ninguém é burro, incompetente ou incapaz de entender alguma coisa, então sempre fui sincera e odiava quando alguém tentava me enganar. Aliás, eu raramente respondia as provocações de colegas do ensino fundamental, porque as provocações geralmente eram irracionais e as respostas sempre eram bobinhas, não eram SINCERAS, eram apenas insultos sem base. Mas não, eu não era uma coxinha. Meu soco e meu chute eram bem sinceros também naqueles guris babacas!

Com o tempo, comecei a deixar de lado os socos e chutes. Não pelo discurso de “isso não é coisa de menina” que, graças a Deus, nunca ouvi dos meus pais ou, pelo menos, não nessa situação, mas por ouvir dos meus pais “Érica, isso não resolve nada”. E não resolveria mesmo. Meus colegas iriam continuar zoando meu jeito de andar, minhas pernas peludas que minha mãe não me deixava depilar porque achava que eu ainda era muito criança para isso, meu cabelo, as roupas que eu usava do meu irmão que não serviam mais nele, meus óculos e sabe-se lá mais o quê... Então o que estava ao meu alcance era aceitar que eles, por algum motivo, eram babacas e deixar pra lá.

Recapitulando: diante de poucas pancadarias já ouvi dizerem que eu era nervosa. E depois eu realmente não dei mais bola para as provocações. Mas ninguém muda da água para o vinho e eu ainda me importava com certas provocações, mas não reagia. Há uma diferença entre não se importar por estar seguro de si e se importar, mas não poder revidar. E é disso que trata o filme Tratamento de Choque.

Na época eu achava injusto o personagem que não levantava a voz nem para uma mosca ser tachado de nervoso por um doutor que “promovia” a raiva do personagem. Qualquer um perderia a cabeça! E no final, quando o personagem finalmente se assumiu como um cara nervoso, eu subi pelas paredes! Como assim? Ele estava vestindo a carapuça? O doutor deixou o cara louco para depois ele se acalmar e dizer que o doutor estava certo? Que loucura!

Ainda acho loucura. Há métodos menos agressivos. Eu sempre disse que as pessoas devem aprender as possíveis consequências de seus atos, mas isso não quer dizer que devam receber quaisquer consequências mesmo porque algumas consequências são dependentes de ideias e ideias de pessoas. E consequências reais não dependem de um avaliador ou de um juiz, mas unicamente da situação em si.

Por isso o personagem não precisaria sofrer consequências desnecessárias. É ridículo alguém achar que pode controlar as ações de outra pessoa, pois pessoas são imprevisíveis! Às vezes você faz algo a uma pessoa esperando uma reação e recebe outra que você nem imaginava. Então não é seguro para nenhuma das partes envolvidas. Pode ser até traumático! Mas...

Semana retrasada assisti ao filme novamente. E dessa vez reconheci a mensagem. Reconheci, pois já havia conhecido ela na vida real.

O personagem sofria por não refutar essas consequências desnecessárias. Então nada mais sensato que encará-las.

Uma coisa que pude perceber com o entendimento que hoje tenho eram as batidas com os pés do personagem. Era um sinal de nervosismo. Ou seja, ele falava baixo, era paciente, não brigava, mas estava nervoso por dentro. E ele não brigava porque não se importava ou porque era maduro demais para brigar... Não! Ele não brigava porque tinha medo!

Se ele não brigasse por estar seguro de si, tudo bem, mas não era o caso. O caso não era brigar ou não. Era se amar ou não. Acho que eu estava mais focada no doutor peculiar do que no personagem que é socialmente aceito por ser “bonzinho” que não havia reparado nisso. Mas como ele mesmo diz no final, ele era, sim, nervoso. Nervoso por dentro! Nervoso porque não tinha coragem de refutar essas “consequências”, porque deixava que os outros o tratassem como lixo! Então a partir daquele momento, ele não se deixaria ser usado por mais ninguém e nem aguentaria calado um exploração. Eeeeeeee!

Como eu disse, reconheci a mensagem por tê-la conhecido na vida real! Antigamente eu revidava de forma a mostrar que estavam errados, ou seja, para “parecer” alguma coisa. Depois eu comecei a aceitar muita coisa quieta, não revidava, como o personagem. Depois não aceitava as coisas quietas, porque eu simplesmente não me importava mais com o que pensavam ou deixavam de pensar de mim. Nessa fase de indiferença, notei que muita gente se aproveitou de mim para me tratar do jeito que bem entendesse e eu, como o personagem, chegou ao seu limite e chutou o balde. E hoje não deixo ninguém me tratar mais como lixo também.

O engraçado é que vejo gente dizendo que ando radical hoje em dia. Não acho. Só deixo para lá pessoas que não me respeitam. Podem ter o defeito que for, mas se o defeito for a falta de respeito, aí “não passarão”. Às vezes posso acabar sendo injusta por cortar relações, não ser mais tão paciente... Mas essas pessoas não precisam do meu julgamento para serem felizes. Não sou ninguém para dizer o que elas merecem ou deixam de merecer. Não sou o doutor do filme. Sou o paciente. Só posso dizer o que EU mereço ou deixo de merecer. E eu não mereço mais ser palhaça dos outros.

domingo, 15 de setembro de 2013

Água Calma tem Jacaré

Sair chutando o pau da barraca é uma forma de demonstrar um sentimento. Quem chuta o balde por qualquer coisa, quem tem um temperamento explosivo, não sente mais que o outro. Apenas demonstra de forma diferente.
Sempre me gabei por ser o tipo de pessoa que sofre em silêncio, não se vitimiza. E fiquei surpresa ao constatar que algumas pessoas pensavam justamente o contrário de mim. Achavam que quando eu me silenciava, me vitimizava, me fazia de coitadinha, de boazinha que não reclamava.

Um dia, eu estava na fila da padaria e uma avó que estava com sua neta de no máximo três anos brigava com ela. Ela estava tentando se arranhar de frustração, mas não tinha força então mal conseguia se apertar com suas mãozinhas. A avó dizia "diz o que está te incomodando". Como a criança não respondeu, ela olhou para mim e disse "uma moça no corredor de massas, disse que ela é comportada e quietinha, mas eu prefiro que ela faça barraco, xingue, chore e coloque logo a frustração para fora do que ficar aí, remoendo a frustração, quieta a gente não sabe o que se passa na cabeça dela e daí não tem como a gente ajudar".

Achei interessante o ponto de vista. Me fez perceber que as coisas não são binárias. E que não havia motivo para eu me gabar e me incomodar com pessoas mais temperamentais e nem elas tinham motivos para se incomodar comigo.

Continuo sendo uma pessoa quieta e, para combinar com o meu temperamento, agora mais tolerante.

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

Se Respeitar

Hoje, arrumando a gaveta da minha escrivaninha, encontrei o Oráculo da Witch - um livrete que veio de brinde de uma revista que eu costumava comprar na minha adolescência - e decidi abrir em uma página qualquer depois de me concentrar em um problema. O que eu vi foi o seguinte:



Fiquei parada por alguns segundos refletindo sobre o problema e a resposta que o Oráculo me deu. Eu havia brigado feio com um amigo e decidi me afastar do grupo inteiro. E aquela mensagem havia me deixado confusa: o que é cuidar da auto-estima? O que aquilo queria dizer? Eu deveria saber o meu valor e não dar mais bola para a briga, fazendo as pazes ou eu deveria saber o meu valor e não dar mais bola para o grupo me afastando deles?

Então travei um diálogo comigo mesma que durou alguns minutos e cheguei a uma conclusão: é tênue a linha entre o respeito e o ego; entre o amor próprio e o narcisismo.

Quando você se ama, você quer o seu bem. Você toma remédio mesmo que ruim para ficar curada. Quando você é narcisista, você olha para sua vaidade, se está bonita ou não. Você não se trata porque o remédio é ruim, então você se maquia.

Quando você se ama, você quer se encher de conhecimento mesmo que tenha que se passar por ignorante, mesmo que te ofendam. Quando você é narcisista você tem medo de parecer ignorante e se sentir ofendida então defende com unhas e dentes uma opinião mal formada para não dar o braço a torcer e não cresce.

O respeito e o amor é algo pessoal, não é para os outros. Se for para os outros é ego e narcisismo. Se precisamos provar que somos merecedores de respeito já estaremos dizendo que não o somos.

Vou dar um exemplo porque adoro exemplificar, sai um pouco da parte teórica onde as pessoas não sabem como e onde aplicariam algumas ideias e passam a entender melhor. Simplesmente amo exemplos!

Você quer transar com alguém e esse alguém quer transar com você. Então por que fingir que não quer fazer isso logo? Por que se fazer de difícil? Para a pessoa não te achar isso ou aquilo e saber dar o valor que você merece? Assim você já está se colocando um preço, uma condição... E o amor é incondicional! É ele que vai te permitir ter suas experiências, é ele que vai carimbar o seu atestado de caráter, de alguém que não se amargura pelos outros, não se ofende, não se envaidece, não se amedronta, apenas ama, porque sabe o que se é, sabe que pode se ferir, que pode se magoar, mas sabe que isso é aprendizado, que a vida é uma grande experiência. Experiência sim porque ela não é uma prova. Não vamos sair daqui mestrados ou doutorados. Não é uma conclusão. As pessoas morrem a caminho de seus cursos. É uma obra inacabada. Até mesmo quando tivermos 80 anos estaremos aprendendo coisas novas e não teremos aprendido tudo.

Respeito e amor é saber que pode cair da bicicleta e que vai ralar o joelho, mas que no final estará pedalando e poderá ir aonde quiser. O amor não é só flores, são espinhos também. E o que se faz então? Se calça luvas para mexer com os espinhos. Simples. Se houver uma rosa sem espinhos certeza de que ela é comprada ou artificial. Certeza de que é de mentira.

As pessoas tem confundido muito a verdade com a mentira, o certo com o errado, o respeito com o ego, o prático com o descartável, o barato com o bom, o sacrifício com o esforço e o esforço com recompensa.

Não estou dizendo que para ter amor e respeito seja você tenha que sofrer. Se chicotear não te fará uma pessoa mais amorosa ou respeitosa, te tornará mais ferida apenas. Mas o sofrimento é inevitável - se você não for um psicopata - e você tem que aprender a lidar com ele, aprender contorcionismo para desviar deles com graça e elegância, como se estivesse bailando. Porque ele virá e não adiantará entrar em pânico. E se não vier, desconfie de que esteja presa na matrix, desconfie de que esteja sendo enganada em uma vida de artifícios, truques e gambiarras.

Quando nos amamos queremos nosso bem, queremos nos ver crescidos, realizados, sábios... Não nos tratamos como indigentes que fingimos não ver que está passando necessidade e que damos alguns trocados para aliviar nossa consciência e massagear nosso ego.

Você não está se respeitando, respeitando seus desejos, suas vontades, seu corpo, seu coração quando faz algo apenas para provar algo para os outros. Você está se sabotando. Você está indiretamente dizendo que sua atitude é de alguém que não presta e por isso os outros podem acabar pensando mal de você, logo precisa provar algo agindo de outra forma. Não prove nada para ninguém. Prove para si mesma. Mostre que você se respeita e não se deixe cair nessa armadilha do ego.

Então entendi: entre fazer as pazes e me afastar não há certo ou errado porque tudo depende muito da motivação que se tem para fazer algo. É para provar que aquilo não te abalou? Está errado. É para provar que ninguém fala assim com você? Está errado. Tudo o que for para provar algo para outras pessoas estará errado. Se você realmente não se abalou, faça as pazes, puxe o assunto, não interessa se vão te chamar de trouxa. Se você realmente se abalou, se afaste, não interessa se as pessoas vão dizer que você está fazendo drama para que corram atrás de você. Não queira entrar na pilha de provar algo para alguém porque a pessoa pode ter a mesma ideia. Apenas respeite o que você está sentido, quem você é. Apenas se respeite.

quarta-feira, 11 de setembro de 2013

Rosa Nacarada

Dizem que a rosa simboliza a vida
Por ter cores, espinhos e pétalas caídas

Dizem que uma rosa vermelha se dedica
À uma pessoa amada, significa:

Querer vê-la desabrochada
Exposta, nua e desvendada!

Sem segredos!

E se esquece que
O que a torna diferente
Das outras flores
São justamente
Seus enredos
Suas pétalas
Seus amores

E o meu erro foi esse
Querer te desvendar, querer te expor
Suas pétalas espalhar
Para o mundo ver o teu amor

Me desculpe por te desvendar
E seus segredos, um por um, arrancar

Não foi minha intenção te ferir
Só queria te descobrir
Pois sabia que você era especial
Mas esqueci que também era mortal...

Quis te expor, compartilhar, eternizar
Mas não vi a problemática:
Só a morte é que é eterna
A vida não é estática!

Rosa Nacarada
Rosa Vermelha de Sangue
Eu peço perdão

Suas pétalas agora parecem
Gotas de sangue ao chão
Como as que agora pingam
De dentro do meu coração...

terça-feira, 23 de julho de 2013

Motivos

- Uma amiga confessou querer casar com o primo dela. Que absurdo né?
- Ah, não acho. Se os dois estão de comum acordo...
- Ai, mas são da mesma família!
- Sim, eu sei o que é um primo.
- Não parece, pois pesquisas dizem que há a chance de eles terem uma criança deformada.
- Pelo que eu sei a chance aumenta pela possibilidade dos dois terem herdado dos avós, ou um descendente em comum, um gene causador de doenças. Aí a probabilidade desse gene se manifestar no bebê é maior. Mas se não tiverem esses genes em comum, então tudo bem. E se tiverem, é só adotar, não?
- Tá, mas são do mesmo sangue! Imagina transar com alguém do mesmo sangue!
- Isso é um problema apenas se algum deles tem alguma DST. Porque ninguém precisa abrir uma ferida para o sangue ter contato com o do outro durante o ato. E isso vale até para quem não tem parentesco.
- Ai, para! Se fosse tão normal mais gente estaria fazendo. Por que ninguém faz?
- Ué, mas tem sim gente que faz! Essa ideia de que não podemos casar com alguém da mesma família é antiga e tem a ver com herança. Se a família fosse pobre, ela não ia querer que se casassem entre si, pois continuariam na pobreza. Se a família fosse rica, eles casavam entre si para não ter que dividir a fortuna com ninguém. Tudo depende. Também tem a questão de ver o outro como um irmão caso tenham sido criados juntos, o que geralmente é o que acontece. É tão difícil a gente achar alguém que a gente ama e queira passar o resto da vida. O mundo tem tantas pessoas e às vezes passamos a vida sem encontrarmos a certa... Acho injusto a pessoa ter tido a grande sorte que muitos não tem de ter essa pessoa ali do lado, mas não poderem ficar juntos porque os outros vão achar estranho e ter que se obrigar a procurar fora por meses e talvez anos, por causa dos outros, sendo que o “amor da tua vida” está bem ali do teu lado... Aliás, onde fica o amor nessa história de casamento?
- É... Pois é. Bem a discussão tá boa, mas tenho que ir. Vou dar uma passada na casa do meu primo.

- Tá. Até mais.

quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ai, Minha Reputação...

Muitas pessoas tem receio de demonstrar o que sentem, de expor o que pensam, não sabem mais sentir, pensar nem chorar por medo de ofenderem a si mesmas... Orgulho! Não podemos deixar que pensem que somos idiotas, né? Temos que ser inflexíveis, não podemos mudar porque nos ensinaram que temos algo chamado “essência” e que isso é tudo que teremos pelo resto da vida e por isso não devemos traí-la. Ela tem que se manter sempre a mesma.

Mas se temos uma essência só nossa, por que quando pensamos sobre um assunto ou temos sentimentos estranhos temos que nos policiar para pararmos? Por que o receio de perder a essência no meio do caminho? Se ela é nossa e faz parte de nós, por que temos que agarrá-la? Ela deveria nos seguir e, inclusive, nos impulsionar a pensar, sentir... Não? Por que temos que parecer cheios de certeza o tempo todo ainda mais quando isso nos faz mal e faz mal aos outros? Por que temos que parecer “maus”?

As pessoas não são más. Mas estão duras de coração. Não podem demonstrar nada porque aprenderam que alguém sempre vai abusar das suas fragilidades e acabam se tornando rígidas, brutas, intolerantes, rudes... Como amar sem amar? Pior ainda, como amar numa sociedade que confunde ser confiante com parecer confiante, com dicas externas para aparentar ser confiante, e não dicas internas para realmente se sentir confiante? Como amar numa sociedade que saúda a intolerância e condena a tolerância? Como amar numa sociedade que aprova a falta de respeito com aqueles que são tolerantes porque ninguém mandou não serem firmes na ignorância?


Como amar, ensinar e educar numa sociedade inflexível que só finge o tempo todo que tá tudo certo e que te obriga a entrar nesse joguinho bobo? Como se sentir livre para amar se as pessoas pensam que você está fazendo parte desse jogo e que só está indo contra eles por birra? Como se sentir livre para amar se as pessoas pensam que você está querendo enganá-las e fazê-las de trouxa só por ter uma opinião diferente? Como se sentir livre para amar se as pessoas te cercam, te pressionam até você falar o que elas querem? Como se sentir livre para amar se as pessoas pensam que você mente para elas (como se fossem especiais o bastante para que você precise de alguma aprovação delas inventando uma desculpa)? Como ser flexível num mundo inflexível que se apega a “essência” da ignorância e teima que não pode haver outras formas de viver? De que me adianta formar minha própria personalidade, meu próprio caráter, mudar de opinião, crescer... Se vão me chamar de muitos nomes, menos de Érica? Pra que ser uma Érica se posso ser mais uma hipócrita que todo mundo aceita, entende? Para que tentar ser flexível se tem uma "essência" a zelar?

sábado, 18 de maio de 2013

Sobre a Marcha das Vadias

O nome Marcha das Vadias foi adotado após um policial canadense dar a seguinte declaração sobre como se prevenir de um estupro: “as mulheres deveriam evitar se vestir como vadias para não seres vítimas de ataques” o que, sem precisar ser um gênio para saber, dissemina a violência contra a mulher. A culpa acaba sendo tirada do estuprador e colocada na vítima, pois “ela provocou” dando razão para o estuprador ter feito o que fez devido à circunstância.

Todos sabem que ele falou uma grande besteira, não é? Não. Pois mesmo depois de muitas mulheres se indignarem com essa declaração numa roda de amigos, há quem dissesse: “ué, mas a mulher não usa roupa curta para chamar a atenção de homem?”

É uma simples pergunta, mas nos irrita!!! A lógica é a seguinte: Se está questionando é porque não entendeu o problema. Se não entendeu o problema é porque não viu nada de errado. Se não viu nada de errado, é porque tá certo!!!

Quer dizer, a mulher pode sim usar uma roupa para chamar a atenção de um homem (viu bem o artigo indefinido? UM homem, e não DOS homens, ou seja, um determinado homem que ela vai escolher, e se ela disser não para VOCÊ é porque ela não sentiu atração nenhuma por você, lide com isso) assim como um homem se arruma para chamar a atenção de uma mulher. Isso quer dizer que ele vai querer fazer sexo com QUALQUER MULHER e que se mulher meter a mão nas calças dele, ele tem que deixar porque ele provocou?

O fato de saber que uma mulher se veste de forma a chamar a atenção de um homem, faz jogos sensuais e flerta, não implica em nada no fato de não se indignar com um uma violência de estupro. No momento em que não há indignação perante um caso desses estamos com sérios problemas. É como dizer que o homem não tem controle nenhum sobre seus desejos afinal, coitadinho, ele não consegue resistir e a mulher tem que saber lidar com ele na sociedade porque eles só estão seguindo seus instintos. Bem, minhas desculpas à quem usa o argumento de que isso é puro instinto do homem, mas não me parece ser instintivo do ser humano pegar outro ser humano a força e causar-lhe trauma, medo e sofrimento... Se fosse por puro instinto, o homem deveria ter o instinto da proteção e ao ver alguém se retorcendo, com medo ou chorando, tentar socorrer, acalmar e protegê-lo e não agravar o estado violentando-o.

A libido não justifica a violência. Por mais que o cara esteja cheio de tesão pela mulher, se ela disser que não quer fazer sexo com ele, ele vai ter que se aliviar ali no banheiro como fazia na adolescência por anos (e nunca morreu por isso) ou procurar uma mulher com quem role a química. Simples.
Imaginem: a mulher que trabalha, paga suas contas em dia, é honesta, sai para se divertir e ter uma noite de prazer e volta para a casa violada (isso quando volta) com a vagina dolorida, com alguns hematomas e sangramentos. Será mesmo que era isso que ela “tava querendo” ou ela só tava querendo gozar e ir embora?

Agora imaginem: um homem que trabalha, paga suas contas em dia, é honesto, sai para se divertir e ter uma noite de prazer... E tem! Goza e vai embora, sem nenhum hematoma, sem cu sangrando porque ninguém o estuprou pelo fato de estar arrumado, perfumado, penteado...

Então é óbvio que as mulheres ficam indignadas com alguém que não se indignou com um estupro ocasionado pela “roupa de vadia”, porque poderia ter sido com elas!

E o que significa o termo vadia? É um termo pejorativo para quem não é tão reprimida sexualmente. E só! Porque não tem como definir uma vadia. É um termo muito inconsistente. Dizem que é a roupa, mas há que use decotes e “é decente”, daí então dizem que é o comportamento e não as roupas, embora as roupas possam ajudar... Ajudar em quê? Em ser vadia? Mas não era um comportamento? São uns argumentos muito furados que se contradizem e não fecham.

E qual seria o comportamento de uma vadia? Ter vida sexual ativa e ser solteira? E por que ela deveria ser desvalorizada e se sentir menos que outras que optaram por uma relação estável? Não faz sentido!

Novamente aí está escancarada a mentalidade de adolescentes colegiais que ficam julgando e achando que o fulano que se veste de preto é drogado, que beltrano que é introvertido é inteligente, que fulana que joga futebol é “machorra”... Mas mais pra frente, na adolescência ainda, aprendemos que não devemos julgar as pessoas pelas aparências porque aquela colega “periguete” vai estar sempre lá quando você precisar, porque você teve que fazer o trabalho com o colega tatuado e descobriu que ele não é nenhum marginal e é bem resolvido, porque conheceu a família da professora rígida que não é nenhuma mal amada, tem marido e até filhos!!!

Mas aí depois parece que as pessoas esquecem a lição e que os amigos delas são só exceções porque, ora bolas, são amigos DELAS! Dã-ã? E quem tá com elas é certo e quem não tá, é bichinha, vadia, cafajeste, hipócrita, ladrão...

Adjetivos que honestamente não querem dizer nada! Por isso o nome da Marcha! É um simples tabu!
No momento em que se reclama da violência contra a mulher, mas acha que não deveria usar o termo “vadia” porque isso faria com que a reclamação perdesse a credibilidade, acaba-se tendo os mesmos pensamentos de quem acha que “vadia” não pode reclamar porque não tem credibilidade! Ou seja, está afirmando que existem mulheres vadias e que não se está lutando por elas, apenas pelas moças “decentes”. E não! Está-se lutando por todas as mulheres e principalmente pelas que são tachadas de vadias por serem livres. Então se for assim, todas nós somos vadias, inclusive as “decentes” que “se fazem de difícil, essas são as piores”.

Não que quem vá a Marcha deva andar de saia curta, fazer topless ou vestir roupas que não são de agrado pessoal. Pode-se ir com calça, blusa e canguru cobrindo a cabeça com um capuz. Porque essa é a ideia: todas sofremos com o rótulo de “vadia” alguma vez na vida, não só quem “se veste como vadia” e somos livres para vestirmos o que quisermos e ninguém tem nada a ver com isso. Pena que a mídia não dará espaço à essas pessoas, porque vão focar só na bunda e no peito porque vende, e vende porque a sociedade é machista. E o motivo real da Marcha eles não divulgam, né? Claro, não querem acabar com suas propagandas televisivas e programas de auditório com temas “polêmicos” sobre dicas para mulheres “prenderem seu macho” ou sobre a culpa da mulher traída por ter se descuidado e o que ela deve evitar para que isso aconteça de novo ou de como elas seres sublimes e frágeis e homens burros e brutos... É, as mídias ganham muito em cima desses mitos de universo feminino e universo masculino, quando os dois deveriam viver em harmonia num só universo. E mesmo dentro do próprio universo há divisões de mulheres decentes e mulheres desonradas.

Não existe essa de mulheres decentes e mulheres desonradas. As decentes, uma hora ou outra, vão ser chamadas de “vadias”, nem que seja por outras mulheres. Estamos todas no mesmo barco! Sempre seremos uma vadia para alguém.

Fazer sexo com mais de mil não é um problema, a violência e o controle sobre o corpo de um indivíduo e de como ele deveria pensar, agir, a que horas deveria sair, a que horas deveria voltar, com quem deveria andar, enquanto que nada disso é cobrado dos violentadores... Isso sim é um problema.

P.S.: Já ouvi do meu pai, quando eu tinha uns 12 ou 13 anos, que eu deveria evitar tomar banho quando o pedreiro estivesse em casa trabalhando, pois ele poderia pensar que eu estava “provocando”... E aí, eu que não tinha nada a ver com isso, fica lá, fedida, até o final do dia. Ótima solução, não é? A pessoa não poder ser livre nem para tomar um simples banho porque pode ser que tenha um louco do lado de fora... Entendo que ele disse isso nas melhores intenções, para me proteger... Mas não consigo deixar de pensar: Se eu tivesse sido estuprada depois de tomar banho, será que ele me culparia e eu seria só mais uma vadia nas estatísticas da violência contra a mulher?

sexta-feira, 3 de maio de 2013

Bullying Não é Coisa da Idade

Notei que grande parte das pessoas que dizem que bullying é frescura é, justamente, a parte que teve que enfrentar isso sozinha porque os próprios pais/mães diziam que “era coisa da idade”. Realmente, é coisa da idade se sentir inseguro, mas se sentir inseguro é uma coisa, não ter segurança é outra.

Quem deixa o filho/filha sozinho num momento em que se sabe que ele está mais inseguro que nunca? É como dizer “lute suas próprias batalhas” para alguém sem preparo nenhum que na primeira tentativa e acerto, tomará aquela decisão como a correta porque funcionou, seja ela bater ou correr.

Uma criança insegura vai procurar por segurança (pais, professores, irmãos e amigos mais velhos), mas se ela não encontra essa segurança, o que ela vai fazer? Uma pessoa que não tem segurança o suficiente para enfrentar um problema faz o quê? Se omite, se esconde, foge, dá desculpas e assim vai sobrevivendo. Mas nenhum pai/mãe quer que seu filho/filha seja chamado de fraco, não é? Por isso eles estufam o peito e dizem:

- Você não pode viver fugindo dos problemas, você tem que enfrentá-los.

Ok, bonita a atitude desses pais/mães! Mas de nada adianta esse discurso se, novamente, negar a segurança ao filho/filha. É como falar “sobe nessa bicicleta e se tu cair, vai apanhar de mim”. Não faz sentido!!! Cadê os pais que ficam atrás do filho/filha na bicicleta e falam “tu não vai cair, eu te seguro” e que fazem curativo no joelho depois para ele se recuperar mais rápido e poder tentar de novo? Dar atenção à criança não a tornará uma “fraca”. No mínimo a tornará amparada.

E não é frescura que falta de atenção deixa as pessoas mal e a prova disso é que nós nos maravilhamos quando vemos pais e filhos conversando como se estivessem conversando com seus melhores amigos, sem receios de “para pai/mãe isso não se conta”. Geralmente nos surpreendemos quando vê uma cena assim e automaticamente imaginamos se fosse conosco. Por que nos surpreendemos? Porque o comum é ter conversas formais com os pais, é não ter intimidade, é dizer “senhor” e “senhora”. E por que será disso? O que deve ter acontecido para que não tenhamos tanta intimidade com nossos pais?

E se essas pessoas que acham que “é coisas da idade” acham isso mesmo, porque carregam com elas o sentimento de uma coisa que era para ter ficado no passado? Não era para já ter superado, já que era algo exclusivo da idade? Ou será que isso era só uma desculpa para pais preguiçosos não terem que se incomodar com os problemas dos filhos indo à escola, conversando com o diretor, professor, pais dos alunos?

Lembro de uma passagem em Harry Potter e A Ordem da Fênix onde Harry, assistindo as memórias do Professor Snape na Penseira, viu o seu padrinho (Sirius) e o seu pai (James) atacarem Snape na época em que eram alunos de Hogwarts. Harry ficou irado e Sirius tentou justificar essas ações dizendo que ele e James eram muito imaturos, pois tinham apenas 15 anos na época, ao que Harry replicou: “Eu tenho quinze anos!”

É, isso aí, Harry. Não caia nessa de “é coisa da idade” também. Isso não tem nada a ver com a idade e sim com a educação.

Bullying não é brincadeira. Se fosse, todos estavam rindo. No momento que alguém vê o outro chorar e continua implicando sem se surpreender com o choro, é porque tem algo muito errado aí. Uma criança que ouve xingamentos carinhosos dos pais (minha toupeirinha, minha bolinha, meu palitinho, meu macaquinho, minha feiosinha) geralmente levam os insultos e as implicâncias na esportiva. Mas até elas sabem quando parar, que é quando os pais falam “não, assim magoa”, “assim machuca”... E honestamente, essa é uma “diversão” dispensável para se ensinar às crianças, não é mesmo? Ensinar a ofender fazendo comparações não vai formar caráter.

Falando nisso, é engraçado que falam em formar caráter, mas nunca vi uma criança filosofando algo como “fulano disse aquilo porque é um hipócrita” ou “coitado, tenta fazer graça porque não tem atenção em casa”. Não, nunca vi uma criança formando caráter por xingar outra. A não ser que formar caráter implique em revidar mesmo que irracionalmente. Mas alguém que revida com palavras irracionais não tem caráter nenhum, só segue a correnteza.

A única coisa que formou é uma pessoa que se receber uma crítica séria, vai dizer que foi criticada por inveja ou porque quem criticou não faz sexo... Enfim, essas irracionalidades que aprenderam para “formar caráter”.

Aí fica nessa: se te criticarem, é só criticar de volta e não deixar nada te abalar. No final das contas, os pais criam aquilo que eles mesmos eram contra: uma pessoa que vive numa bolha.
Sei que alguns devem ter se achado beneficiados com o bullying que sofreu, pois sofreu e se tornou forte, mas daí eu pergunto: Quer que a criança se conforme e se adapte a idiotice alheia perpetuando isso com o discurso de que “é assim mesmo” ou quer fazer as coisas diferentes do que foi na tua época? Por que para crescer tem que sofrer? Isso é desculpa de quem não tem saco pra ir contra a corrente. Como você quer fazer um mundo melhor em que o ódio, o preconceito e a violência sejam raros, se diz para o seu filho que sofrimento é normal? “Ah, sofre aí um pouco que tô ocupado de mais pra ir lá lutar por um futuro sem sofrimento”. Um sofrimento que venha naturalmente, como morte, separações, decepções vai acontecer naturalmente. Não precisa de um bando de babaca colocando os outros pra baixo pra isso.

Aí tem crianças que falam que sofrem com isso e os pais falam “um dia passa”, daqui a uma semana realmente passou o sofrimento porque a criança se matou. Aí se ela se matou, ela era afetada das ideias e não as crianças que aprenderam com os próprios pais que é legal discriminar os colegas. Tipo, não tem alguma coisa errada aí??

sexta-feira, 12 de abril de 2013

Verso da Capa de CD


Era uma vez um lugarzinho no meio do nada
Tudo estava no seu lugar
Até que você chegou em minha vida
Você fechava com os meus sonhos como ninguém
Esse amor era bom de mais
O que você fez?
Nós éramos um só
Você errou, isso não é pecado
Exceto quando faz outra pessoa sangrar
Você extrapolou, você passou da conta
E agora tenho um coração com buraquinhos
Se eu pudesse escolher entre o bem e o mal
Escolheria voltar no tempo em que você
Enroscava em meu pescoço, dava um beijo no meu queixo
E era um tanto másculo
Você era a música em mim
Entre razões e emoções a saída
É dizer que valeu a pena
Pescador de ilusões
Fiquei louca
E estou morrendo, a culpa é sua

sexta-feira, 22 de março de 2013

Lágrima II

Às vezes fingimos que o passado foi bonito. Mas essa atitude só mostra que o nosso presente que é bonito. Bonito o bastante para não querer estragar o momento com o pó e as teias de aranha.
Não sei se fomos obrigados a ver beleza na vida, nos emocionar e chorar para limpar nossos olhos empoeirados e opacos ou se nos acostumamos com a poeira neles e a fantasiamos bela.
Mas uma coisa é certa: Tanto poeiras antigas quanto águas novas nos olhos atrapalham a visão. Mas a poeira, que inventamos ser lindos fragmentos de cristal, esfola e rasga os olhos, enquanto que as águas novas só distorcem momentaneamente uma imagem. Não é difícil se desfazer da poeira quando lavamos nossos olhos com água nova no mesmo instante. Mas é difícil se desfazer quando nos acostumamos com ela e a fantasiamos bela.
Quem dera eu ter os olhos sempre limpos, nem empoeirados, nem encharcados, para eu poder ver as coisas como realmente são.
E cada vez que as águas novas tentam levar a poeira embora, é como se a tirassem de um estado concentrado e a espalhassem mais nos olhos... Uma poeira que, ao contrário do que muitos dizem, não faz parte de mim e do que sou. Uma poeira externa que tocou meus olhos sem eu querer. Já as água novas, são internas, brotam de mim e apesar de que, quando brotam muito e a imagem fica desfocada, é só por alguns minutos e não pela vida inteira.