quarta-feira, 12 de junho de 2013

Ai, Minha Reputação...

Muitas pessoas tem receio de demonstrar o que sentem, de expor o que pensam, não sabem mais sentir, pensar nem chorar por medo de ofenderem a si mesmas... Orgulho! Não podemos deixar que pensem que somos idiotas, né? Temos que ser inflexíveis, não podemos mudar porque nos ensinaram que temos algo chamado “essência” e que isso é tudo que teremos pelo resto da vida e por isso não devemos traí-la. Ela tem que se manter sempre a mesma.

Mas se temos uma essência só nossa, por que quando pensamos sobre um assunto ou temos sentimentos estranhos temos que nos policiar para pararmos? Por que o receio de perder a essência no meio do caminho? Se ela é nossa e faz parte de nós, por que temos que agarrá-la? Ela deveria nos seguir e, inclusive, nos impulsionar a pensar, sentir... Não? Por que temos que parecer cheios de certeza o tempo todo ainda mais quando isso nos faz mal e faz mal aos outros? Por que temos que parecer “maus”?

As pessoas não são más. Mas estão duras de coração. Não podem demonstrar nada porque aprenderam que alguém sempre vai abusar das suas fragilidades e acabam se tornando rígidas, brutas, intolerantes, rudes... Como amar sem amar? Pior ainda, como amar numa sociedade que confunde ser confiante com parecer confiante, com dicas externas para aparentar ser confiante, e não dicas internas para realmente se sentir confiante? Como amar numa sociedade que saúda a intolerância e condena a tolerância? Como amar numa sociedade que aprova a falta de respeito com aqueles que são tolerantes porque ninguém mandou não serem firmes na ignorância?


Como amar, ensinar e educar numa sociedade inflexível que só finge o tempo todo que tá tudo certo e que te obriga a entrar nesse joguinho bobo? Como se sentir livre para amar se as pessoas pensam que você está fazendo parte desse jogo e que só está indo contra eles por birra? Como se sentir livre para amar se as pessoas pensam que você está querendo enganá-las e fazê-las de trouxa só por ter uma opinião diferente? Como se sentir livre para amar se as pessoas te cercam, te pressionam até você falar o que elas querem? Como se sentir livre para amar se as pessoas pensam que você mente para elas (como se fossem especiais o bastante para que você precise de alguma aprovação delas inventando uma desculpa)? Como ser flexível num mundo inflexível que se apega a “essência” da ignorância e teima que não pode haver outras formas de viver? De que me adianta formar minha própria personalidade, meu próprio caráter, mudar de opinião, crescer... Se vão me chamar de muitos nomes, menos de Érica? Pra que ser uma Érica se posso ser mais uma hipócrita que todo mundo aceita, entende? Para que tentar ser flexível se tem uma "essência" a zelar?