domingo, 15 de setembro de 2013

Água Calma tem Jacaré

Sair chutando o pau da barraca é uma forma de demonstrar um sentimento. Quem chuta o balde por qualquer coisa, quem tem um temperamento explosivo, não sente mais que o outro. Apenas demonstra de forma diferente.
Sempre me gabei por ser o tipo de pessoa que sofre em silêncio, não se vitimiza. E fiquei surpresa ao constatar que algumas pessoas pensavam justamente o contrário de mim. Achavam que quando eu me silenciava, me vitimizava, me fazia de coitadinha, de boazinha que não reclamava.

Um dia, eu estava na fila da padaria e uma avó que estava com sua neta de no máximo três anos brigava com ela. Ela estava tentando se arranhar de frustração, mas não tinha força então mal conseguia se apertar com suas mãozinhas. A avó dizia "diz o que está te incomodando". Como a criança não respondeu, ela olhou para mim e disse "uma moça no corredor de massas, disse que ela é comportada e quietinha, mas eu prefiro que ela faça barraco, xingue, chore e coloque logo a frustração para fora do que ficar aí, remoendo a frustração, quieta a gente não sabe o que se passa na cabeça dela e daí não tem como a gente ajudar".

Achei interessante o ponto de vista. Me fez perceber que as coisas não são binárias. E que não havia motivo para eu me gabar e me incomodar com pessoas mais temperamentais e nem elas tinham motivos para se incomodar comigo.

Continuo sendo uma pessoa quieta e, para combinar com o meu temperamento, agora mais tolerante.

Nenhum comentário:

Postar um comentário